Opinião

Opinião: O Uber pode morrer no Brasil

20 fev 2017, 14:26 - atualizado em 11 set 2019, 16:59

Paulo Cury é Fundador e Sócio da Condere. Conselheiro de Administração

Uber

O aplicativo foi recebido de braços abertos; ainda mais no caso de São Paulo. Usuários e mais usuários colocavam nas redes elogios sobre o serviço, etc. Mesmo quando o Uber era ainda proibido, a migração foi maciça. Eu fui um daqueles que se tornou heavy user do serviço pela facilidade do pagamento e outras conveniências.

Mas começaram a aparecer problemas com segurança. E se tem algo que o consumidor brasileiro não tolera, é correr riscos desnecessários. Já temos muitos problemas de segurança para aceitar novos. Casos de motoristas assaltados e passageiros feitos de reféns aparecem repetidamente na mídia.

O mais estranho é que ninguém da Uber vem a público se posicionar, prática básica de RP, quando há problemas importantes atingindo os consumidores. A Uber, no máximo, coloca uma nota aqui, outra ali; como mostra o texto abaixo reproduzido da Época Negócios

Em nota, o Uber informou que, para o cadastro dos motoristas, é preciso apresentar carteira de habilitação com registro de EAR (exerce atividade remunerada) e, então, passar por “checagem de segurança”.

Ou outra nota após uma empresária no RJ se queixar de sequestro relâmpago via reportagem do G1.

Em nota, a Uber informou que em caso de investigações e processos judiciais, colabora com as autoridades nos termos da Lei.

Dias atrás conversando com um motorista do Uber eu perguntei qual era o procedimento de segurança? Ele me disse que é simplesmente se cadastrar no site e mandar alguns documentos. Eu falei: “mas você não precisa ir lá, ser treinado, passar por alguma triagem”? Ele respondeu que não.

Como o Uber está deixando essa questão de segurança tão solta? Onde está o CEO da empresa para dar uma resposta aos usuários? A sensação é que eles acreditam que o sistema é tão bacana que é suficiente, mas não é! Conheço várias pessoas que estão evitando o Uber e migrando para outros serviços.

Parece que os líderes do Uber esqueceram de tropicalizar o modelo de negócio para o Brasil, onde segurança é um item chave. Pena! Os concorrentes agradecem.

Leia também: Como perpetuar as empresas familiares

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