Opinião Money Times: Fed tem bala na agulha e sabe atirar
Mensagem mais clara impossível: nós temos munição e não vamos desperdiça-lá, seja por choques externos, seja por volatilidade, sendo inclusive esta última por culpa própria de Trump – e de seu estilo de se comunicar, ou ainda pelo aniversário de dez anos da segunda pior crise desde a criação do dólar.
Fed ignora Trump, eleva juro a 2,5%, e sinaliza duas altas em 2019
O fato concreto é que o Fed está de olho. Powell é ex-secretário do Tesouro, por seis anos participante do Board of Governors do Fed. Está a mais tempo tomando decisões importantes do que Trump, que o fez chairman confiando na disciplina e na efetividade de sua mensagem.
Se a pressão de Washington não surtiu total efeito, algum respingo fez o colegiado diminuir suas projeções para a Fed Funds Rate para duas altas adicionais ao invés de três. Yields de Treasuries de 10 e 30 anos reagindo bem (em trajetória de queda), o que mostra a segurança da economia norte-americana no longo prazo.
Segurança essa mantida pelo Fed. Que não se rendeu a Trump, a Wall Street e a mais ninguém: por saber que, pra ter segurança, tem que ter bala na agulha (e confiar muito no próprio taco). A busca pela taxa neutra de juro, em compasso com a curva de Phillips, é mantida pelas duas altas a vir, estando situada em 2,5% a 3,5%.
O que é realmente importante: a economia norte-americana está bem, uma recessão lá na frente pode até vir, mas ainda há muito espaço para eventos não recorrentes positivos: fim da guerra comercial com a China (toda guerra acaba alguma hora), otimismo de mercados emergentes, lucros maiores que o esperado pelas companhias.
O que de fato importa? Somente a frase de Powell: “ninguém deterá-nos de fazer o que nós acharmos que é o certo”. Viva a independência.