Opinião: A estatização da Vale pelo BNDES e o futuro do País
As sanções à joint venture entre BHP Billiton e Vale (VALE3) devem ser além das fronteiras brasileiras: a mineradora australiana também tem culpa no cartório. Existem dólares australianos culpados pela tragédia. Se vai vir de Sydney ou de Melbourne, pouco importa. O que “vale” é que tudo seja ressarcido.
A defasagem de Mariana, em 2015, serviu como alerta para o despreparo de ações preventivas. O que ocorreu em Brumadinho é crime, e merece severa punição.
O governo deveria, via BNDES, adquirir muitas ações da Vale, no seguinte acordo: a mineradora volta a ter controle estatal, o lucro gerado automaticamente serve como desenvolvimento para Brumadinho, Mariana e toda Minas Gerais e Brasil. Simples assim.
Não há qualquer possibilidade de uma mea culpa do management. O CEO Fábio, visualmente abalado pela tragédia, assumiu a companhia com a bandeira de nunca mais ocorrer o que aconteceu em Mariana. Ele, felizmente, não tem o olhar de Eichmann em Jerusalém, mas tem que assumir a culpa pelo erro.
É dever da Vale, dentro do oligopólio com a BHP e a Rio Tinto, suprir a vanguarda de equipamentos de segurança além de qualquer promessa de distribuição de dividendos.
Acabou a era do bolsa empresário e do lobby metalúrgico do Lula. O pedido ultrajante da General Motors de subsídios no Brasil, quando na semana passada disse que suas atividades são deficitárias no País, se alia a tragédia da Vale no seguinte ponto: interesses privados acima de interesses públicos. É impossível o mercado estar acima de uma nação.
Cabe lembrar que estatizar uma empresa em tempos de crise não é uma ideia maluca. Foi basicamente isso que os EUA fizeram após a crise de 2008, quando segurou títulos podres dos bancos em troca de participação acionária.
Que todas as vítimas de Brumadinho estejam melhores e à espera de que suas vidas se transformem em real realização de melhora para todos os brasileiros – a entrada massiva, maciça e dominadora do governo na Vale.
Seguraremos essa lama. Mas queremos uma bela fatia em troca.