Opinião

Opinião: A estatização da Vale pelo BNDES e o futuro do País

27 jan 2019, 18:44 - atualizado em 28 jan 2019, 9:30
Barragem de rejeitos da mineradora da Vale se rompe e atinge Brumadinho, em Minas Gerais – Divulgação/Corpo de Bombeiros

As sanções à joint venture entre BHP Billiton e Vale (VALE3) devem ser além das fronteiras brasileiras: a mineradora australiana também tem culpa no cartório. Existem dólares australianos culpados pela tragédia. Se vai vir de Sydney ou de Melbourne, pouco importa. O que “vale” é que tudo seja ressarcido.

A defasagem de Mariana, em 2015, serviu como alerta para o despreparo de ações preventivas. O que ocorreu em Brumadinho é crime, e merece severa punição.

O governo deveria, via BNDES, adquirir muitas ações da Vale, no seguinte acordo: a mineradora volta a ter controle estatal, o lucro gerado automaticamente serve como desenvolvimento para Brumadinho, Mariana e toda Minas Gerais e Brasil. Simples assim.

Não há qualquer possibilidade de uma mea culpa do management. O CEO Fábio, visualmente abalado pela tragédia, assumiu a companhia com a bandeira de nunca mais ocorrer o que aconteceu em Mariana. Ele, felizmente, não tem o olhar de Eichmann em Jerusalém, mas tem que assumir a culpa pelo erro.

É dever da Vale, dentro do oligopólio com a BHP e a Rio Tinto, suprir a vanguarda de equipamentos de segurança além de qualquer promessa de distribuição de dividendos.

Acabou a era do bolsa empresário e do lobby metalúrgico do Lula. O pedido ultrajante da General Motors de subsídios no Brasil, quando na semana passada disse que suas atividades são deficitárias no País, se alia a tragédia da Vale no seguinte ponto: interesses privados acima de interesses públicos. É impossível o mercado estar acima de uma nação.

Cabe lembrar que estatizar uma empresa em tempos de crise não é uma ideia maluca. Foi basicamente isso que os EUA fizeram após a crise de 2008, quando segurou títulos podres dos bancos em troca de participação acionária.

Que todas as vítimas de Brumadinho estejam melhores e à espera de que suas vidas se transformem em real realização de melhora para todos os brasileiros – a entrada massiva, maciça e dominadora do governo na Vale.

Seguraremos essa lama. Mas queremos uma bela fatia em troca.

Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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