Opep+ sob pressão para mudar plano de aumentar produção
Quando a Opep e aliados se reuniram no mês passado, o ministro de Energia da Arábia Saudita desafiou especuladores de petróleo a testarem sua determinação em estabilizar os mercados globais.
Agora que uma segunda onda da pandemia ameaça a demanda mais uma vez, o momento do acerto de contas se aproxima.
A coalizão de produtores de petróleo realiza uma videoconferência nesta segunda-feira para avaliar o estado do mercado. Nenhuma decisão de fornecimento é esperada até 1º de dezembro, mas Arábia Saudita e Rússia, líderes do grupo, já intensificam os contatos.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, falaram duas vezes por telefone em uma semana, a primeira conversa desse tipo entre os líderes desde o auge da crise do petróleo em abril, quando fecharam um acordo para cortar a oferta e pôr fim à guerra de preços.
As ligações foram necessárias para uma atualização sobre as constantes mudanças no mercado, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, na segunda-feira.
Com o petróleo na casa de US$ 40 e mais oferta da Líbia, o cartel está sob pressão para revisar seu plano para aliviar esses cortes na produção. A Opep já desacelerou a redução em cerca de 2 milhões de barris por dia e deve adicionar outros 1,9 milhão em janeiro.
Os membros têm mantido esse plano publicamente por enquanto, mas o secretário-geral da Opep, Mohammad Barkindo, reconheceu na quinta-feira que a demanda está “anêmica” e que o cartel vai agir para evitar uma “recaída” do mercado.
Os próprios relatórios internos da Opep apontam para o risco de um novo superávit. E, em privado, os delegados admitem que estão abertos a adiar o aumento quando uma decisão formal for tomada em seis semanas.
Vozes influentes no mercado já dizem à Opep+ para ficar atenta ao aumento planejado.
Tradings como Mercuria Energy, bancos como JPMorgan Chase e instituições como a Agência Internacional de Energia alertam que os mercados permanecem frágeis demais para absorver facilmente os barris extras.
“Adicionar petróleo ao mercado neste momento não é uma aposta aconselhável”, disse Natasha Kaneva, analista do JPMorgan, em Nova York.
Essas opiniões podem ser consideradas durante a sessão online da segunda-feira do Comitê de Monitoramento Ministerial Conjunto, presidido pelo ministro de Energia da Arábia Saudita, o príncipe Abdulaziz bin Salman, e seu homólogo russo, Alexander Novak. O painel não decidirá sobre o fornecimento do próximo ano, decisão que será tomada nas reuniões ministeriais entre 30 de novembro e 1º de dezembro.