Commodities

Opep+ aposta no fim da era dourada do gás de xisto dos Estados Unidos

02 dez 2019, 13:51 - atualizado em 02 dez 2019, 13:51
Em todo o setor, traders e executivos de petróleo acreditam que a produção nos EUA crescerá menos em 2020 do que este ano (Imagem: Pixabay)

Durante anos, a Opep ignorou a expansão do setor de gás de xisto nos Estados Unidos e acabou se arrependendo do erro. Agora, o cartel faz outra aposta ousada na revolução do petróleo nos EUA: de que a era dourada teria acabado.

Quando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo se reunir esta semana, os ministros vão discutir se a meta atual de produção deve ser estendida em vez de ser reduzida, de acordo com pessoas a par do assunto. O motivo? A organização acredita que a forte produção de petróleo nos EUA vai desacelerar no ano que vem.

O Iraque disse no domingo que a Opep e aliados vão considerar cortes mais profundos na produção, embora os comentários ocorram depois de claros sinais de relutância da coalizão em tomar tal medida.

A Opep não está sozinha. Em todo o setor, traders e executivos de petróleo acreditam que a produção nos EUA crescerá menos em 2020 do que este ano e a uma taxa significativamente mais lenta do que em 2018. Em teoria, o cartel tem o mercado de petróleo sob controle.

O petróleo tipo Brent tem sido negociado na casa de US$ 60 o barril na maior parte de 2019, uma valorização de 14% em relação ao início do ano, mas bem abaixo do pico de US$ 75,60 o barril visto no fim de abril.

“A Arábia Saudita está fazendo um trabalho razoável para equilibrar o mercado”, disse Marco Dunand, chefe de trading de commodities da Mercuria Energy Group. Mas ele também faz um alerta: “A Opep precisará observar a produção dos EUA muito de perto.”

Mas a Arábia Saudita e aliados devem ser cautelosos ao minimizar a concorrência dos EUA e de fornecedores que não fazem parte da Opep.

Petróleo
A produção de petróleo dos EUA atingiu recorde de quase 17,5 milhões de barris por dia em setembro, um aumento de 1,3 milhão de barris por dia na comparação anual (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

A produção de petróleo dos EUA atingiu recorde de quase 17,5 milhões de barris por dia em setembro, um aumento de 1,3 milhão de barris por dia na comparação anual. É provável que essa expansão continue pelo menos até o início de 2020 antes de desacelerar.

Um crescimento mais lento, no entanto, não significa parar de crescer. Embora empresas independentes que impulsionaram a expansão do gás de xisto dos EUA estejam em crise e tenham anunciado grandes cortes de gastos, grandes petroleiras agora desempenham um papel muito maior em bacias importantes como a Permiana. Empresas com mais recursos, como Exxon Mobil e Royal Dutch Shell, provavelmente continuarão investindo, aumentando a produção no Texas, Novo México e em outros lugares.

A Vitol Group, maior trader independente de petróleo do mundo, espera que a produção dos EUA aumente em 700 mil barris por dia entre dezembro de 2019 e dezembro de 2020, em comparação com o crescimento de 1,1 milhão de barris por dia entre o fim de 2018 e o dezembro de 2019.

Brasil, Guiana, Noruega

Talvez o maior problema para a Opep não seja o gás de xisto americano, mas o aumento da produção em outros mercados. A produção brasileira e norueguesa está aumentando e deve crescer ainda mais em 2020. Após vários anos de preços baixos, engenheiros tornaram muitos projetos mais baratos, e os resultados são claros.

“Para a Opep, continuará sendo um primeiro semestre difícil em 2020”, disse Russell Hardy, CEO da Vitol, em entrevista. “A produção dos EUA está crescendo muito neste trimestre e, no primeiro semestre do ano que vem, teremos a produção fora da Opep da Noruega, Brasil e Guiana.”

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