Política

ONU vai abrir inquérito sobre possíveis crimes de guerra russos na Ucrânia

12 maio 2022, 14:06 - atualizado em 12 maio 2022, 14:06
ONU
A Rússia, que negou ter cometido abusos no que ela chama de “operação militar especial” na Ucrânia, deixou sua cadeira no Conselho sediado em Genebra vazia em protesto (Imagem: REUTERS/Denis Balibouse)

O Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou uma resolução, nesta quinta-feira, para iniciar uma investigação sobre possíveis crimes de guerra pelas tropas russas na área de Kiev e em outras regiões, um movimento que a Rússia disse ser um acerto de contas político.

Os membros do Conselho aprovaram por maioria esmagadora (33 votos a favor e 2 contra) uma resolução para ordenar uma Comissão de Inquérito para investigar eventos nas regiões ao redor de Kiev e outras áreas, como Sumy, que foram temporariamente detidas pelas tropas russas.

“As áreas… que estiveram sob ocupação russa no final de fevereiro e março experimentaram as mais terríveis violações dos direitos humanos no continente europeu em décadas”, disse ao Conselho a primeira vice-ministra das Relações Exteriores da Ucrânia, Emine Dzhaparova.

Ao falar por vídeo, ela apresentou um desenho que, segundo ela, foi feito por um menino de 11 anos que foi estuprado na frente de sua mãe. “Ele realmente perdeu a capacidade de falar depois e a única maneira de se comunicar é com linhas pretas”, disse.

A Reuters não conseguiu verificar o relato de Dzhaparova sobre o que aconteceu com o menino. Um porta-voz da missão diplomática da Rússia não respondeu a um pedido de comentários sobre o relato.

A Rússia, que negou ter cometido abusos no que ela chama de “operação militar especial” na Ucrânia, deixou sua cadeira no Conselho sediado em Genebra vazia em protesto.

“Em vez de discutir as verdadeiras causas que levaram à crise neste país e procurar formas de resolvê-las, o ‘Ocidente coletivo’ está organizando outra rotina política para demonizar a Rússia”, disse o embaixador de Moscou na ONU em Genebra, Gennady Gatilov, em um comunicado por e-mail antes da votação.

Em uma mudança de sua posição anterior de abstenção sobre a Ucrânia, a China votou contra a decisão, ao lado da Eritréia.

A Rússia diz que invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro para desarmar o país e livrá-lo do que o Kremlin chama de nacionalismo anti-russo fomentado pelo Ocidente. A Ucrânia e o Ocidente dizem que a Rússia lançou uma guerra de agressão sem provocação.

A Rússia foi suspensa do Conselho de 47 membros no mês passado por acusações de violações na Ucrânia, embora Moscou diga que tenha desistido de participar do colegiado.

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