ONU trabalha para facilitar exportação de grãos e fertilizantes da Rússia para África
A ONU está trabalhando com o Banco Africano de Exportação e Importação (Afreximbank) para criar uma plataforma que ajude a processar transações de exportações russas de grãos e fertilizantes para a África, disse a principal autoridade comercial da ONU à Reuters nesta quarta-feira.
Um acordo fechado em julho do ano passado exige que a ONU ajude a Rússia a superar quaisquer obstáculos às exportações de grãos e fertilizantes por três anos.
O acerto foi firmado junto com outro acordo que permite a exportação segura de alimentos e fertilizantes da Ucrânia pelo Mar Negro, depois da invasão da Rússia em fevereiro de 2022.
Os acordos tinham a intenção de aliviar a crise alimentícia global que, segundo a ONU, piorou por causa da guerra, uma vez que os dois países produzem grãos e fertilizantes para o mercado global, especialmente para África e para o Oriente Médio.
“Ainda não superamos isso”, disse Rebeca Grynspan, que lidera a implementação do acordo da ONU com a Rússia, em uma entrevista, descrevendo o acordo do Mar Negro e o pacto entre ONU e Rússia como uma “tábula de salvação para a segurança alimentar” ao redor do mundo.
O acordo do Mar Negro foi estendido na semana passada pela terceira vez, após a Rússia concordar com uma prorrogação por mais dois meses. Porém, Moscou está ameaçando deixar o acordo, a menos que uma lista de demandas sobre suas exportações de alimentos e fertilizantes seja cumprida.
As exportações agrícolas da Rússia não estão sujeitas às sanções que o Ocidente impôs pela invasão à Ucrânia, mas Mascou afirma que há restrições a pagamentos, à logística e a seguro, bem como um efeito mais amplo das medidas. Os Estados Unidos e outros rechaçaram as reclamações russas.
Grynspan disse que está trabalhando com o Afreximbank para tentar ajudar países de pequeno e médio porte na África a acessar grãos e fertilizantes russos por meio de “transações mais ágeis”.
“Estamos trabalhando com eles (Afreximbank) e fazendo uma plataforma que vai possibilitar uma ‘due diligence’ mais ágil com os clientes para que se cumpra as sanções, mas permita as transações de alimentos e fertilizantes com a África”, afirmou.
O Afreximbank, com sede no Cairo, não estava imediatamente disponível para comentários. Grynspan não compartilhou mais detalhes, já que as discussões continuam.
O banco agrícola da Rússia, conhecido como Rosselkhozbank, foi removido da rede internacional de pagamentos SWIFT pela União Europeia (UE) em junho passado.
A Rússia quer que a instituição seja reconectada, mas a UE disse que não está considerando o restabelecimento dos bancos russos.