Internacional

ONU pede que Índia desista do carvão para ajudar o clima

28 ago 2020, 10:35 - atualizado em 28 ago 2020, 10:35
O país que mais consome carvão no mundo depois da China deve investir em uma “transição limpa e verde” à medida que se recupera da pandemia de Covid-19, disse Guterres (Imagem: ONU/Jean-Marc Ferré)

A Índia precisa parar de construir infraestrutura baseada em carvão e focar na geração de energia renovável para ajudar na luta global contra as mudanças climáticas e tirar sua população da pobreza, declarou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres.

O país que mais consome carvão no mundo depois da China deve investir em uma “transição limpa e verde” à medida que se recupera da pandemia de Covid-19, disse Guterres durante evento organizado pelo TERI, grupo de defesa do meio ambiente com sede em Nova Délhi.

Segundo ele, a nação também deve eliminar subsídios aos combustíveis fósseis, que são sete vezes maiores do que para a energia limpa.

O Grupo dos 20, que inclui a Índia, deve taxar as emissões poluentes de carbono e prometer que não irá adicionar instalações novas movidas a carvão depois de 2020, acrescentou Guterres.

Ele se disse preocupado ao saber que nações integrantes do G-20 alocaram mais recursos para combustíveis fósseis do que para energia limpa em prol da recuperação econômica e que alguns países estavam “reforçando apostas no carvão doméstico e iniciando leilões de carvão”.

A Índia planeja leiloar 41 minas de carvão ainda este ano.

“Investir em combustíveis fósseis significa mais mortes e doenças e aumento dos custos de saúde”, disse Guterres. “Resumidamente, é um desastre humano e ruim para a economia.”

Embora a Índia tenha no carvão uma fonte barata de energia para impulsionar seu crescimento, o carvão contribui para a poluição crônica do ar e é o principal motivador da mudança climática, da qual o país tem sido grande vítima. Mas uma transformação está em andamento e Guterres elogiou o fato de que os investimentos em energia renovável ultrapassaram os investimentos em carvão pela primeira vez no ano passado.

O governo vem elaborando políticas mais favoráveis às fontes renováveis que já pesam sobre as usinas movidas a carvão.

A utilização média dessas usinas foi de 48% nos primeiros quatro meses do ano fiscal iniciado em abril, em comparação com uma taxa de utilização de 61,3% um ano antes, de acordo com a Autoridade Central de Eletricidade.

Metade da capacidade de energia a carvão do país não será competitiva em 2022 e essa parcela chegará a 85% em 2025, disse Guterres.

Segundo o líder da ONU, a energia renovável pode criar três vezes mais empregos do que as usinas movidas a combustível fóssil e contribuir para as maiores prioridades da Índia — redução da pobreza e acesso à eletricidade por quase 64 milhões de cidadãos que ainda não têm luz.

“Como todos os países, a Índia está em uma encruzilhada”, disse ele. “Apesar dos desafios significativos para trazer prosperidade compartilhada para sua população, o país de muitas maneiras abraçou a tecnologia limpa e um futuro de energia sustentável.”