Setor Elétrico

Hidrelétricas no Sudeste terão maior nível desde 2016 para janeiro, prevê ONS

07 jan 2022, 12:02 - atualizado em 07 jan 2022, 15:17
Vista de usina hidrelétrica
Segundo relatório divulgado pelo órgão nesta sexta-feira, as hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste receberão chuvas equivalentes a 105% da média histórica em janeiro, ante 96% estimados da semana anterior (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)

As hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste, onde estão os principais reservatórios de usinas do país, podem atingir o maior nível de armazenamento para o mês de janeiro desde 2016, em meio a chuvas abundantes, baixo crescimento da demanda e medidas para preservar água dos lagos.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estimou nesta sexta-feira que os reservatórios da região terminarão janeiro deste ano com 40% da capacidade, ante 37% previstos na semana passada para o mês.

Se confirmado, seria o maior patamar para janeiro desde 2016, quando o indicador alcançou 44,4% no mês, conforme dados disponibilizados no site do ONS.

O indicador se compara com cerca de 17% registrados nos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste em setembro, mínima do ano passado quando cresceu a ameaça de um racionamento de energia, levando o governo a adotar uma série de medidas.

Nos últimos três anos, o nível de armazenagem nos reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste oscilou na faixa de 20%, nesta época, trazendo preocupações econômicas, visto que cerca de 65% da geração do Brasil é hidrelétrica.

No ano passado, quando o país enfrentou a pior seca dos últimos 90 anos, os reservatórios da região atingiram 23,3% da capacidade em janeiro.

O bom nível de chuvas nesse período úmido, aliado ao acionamento de parte do parque termelétrico e um crescimento baixo da demanda, tem permitido a recuperação dos lagos das hidrelétricas, afirma Luiz Barroso, presidente da consultoria PSR.

O ONS revisou para baixo a previsão de carga no sistema este mês, para uma alta de 0,6% ante janeiro de 2021, abaixo do 1,8% previsto na semana anterior.

Barroso destacou ainda a importância da flexibilização das restrições operativas hidráulicas de algumas usinas. Essa medida, tomada ao longo da crise hídrica do ano passado, terá contribuição relevante para o enchimento dos reservatórios, avalia.

“Se não tivéssemos isso (a flexibilização), o governo teria que usar parte dessa água para atender outros usos da água, como navegabilidade.”

Já no caso das chuvas, o ONS previu nesta sexta-feira que as hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste receberão o equivalente a 105% da média histórica em janeiro, ante 96% estimados da semana anterior.

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Outras Regiões

As estimativas de chuvas também foram revisadas para cima no Norte e Nordeste.

Nas hidrelétricas do Norte, a previsão é de índice de 205% da média histórica (ante 183%), enquanto no Nordeste as chuvas devem alcançar 159% (ante 123%).

O nível de armazenamento das hidrelétricas do Nordeste, segunda região do país em importância para reservatórios, deverão subir para cerca de 70%, segundo o operador do sistema.

Já para o Sul, o ONS projeta chuvas mais fracas, equivalentes a 29% da média histórica em janeiro, contra 40% esperados anteriormente.

No caso dos reservatórios, o nível deve alcançar 34,8% ao final de janeiro, abaixo dos 41,6% registrados atualmente.

A situação dos reservatórios da região Sul inspirou preocupações no governo no fim de 2020, quando o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) começou a acionar termelétricas mais caras para preservar os lagos.

(Atualizada às 15:17)