Sustentabilidade

ONG francesa acusa Pão de Açúcar de ser conivente com o desmatamento e cita JBS, Marfrig e Minerva

02 jul 2020, 14:34 - atualizado em 02 jul 2020, 17:08
Pão de Açúcar
No Rapport Boeuf (Relatório Carne), de junho, as marcas do Grupo GPA seriam responsáveis por vender carne de bois criados em áreas de desmatamento (Imagem: Gustavo Kahil/ Money Times)

Uma da mais importante associação ambientalista europeia, a francesa Envol Vert, criticou o principal grupo varejista de seu país, o Casino, como corresponsável por parte do desmatamento florestal no Brasil e na Colômbia através de suas subsidiárias.

No Rapport Boeuf (Relatório Carne), de junho, as marcas do Grupo GPA (PCAR4) seriam responsáveis por vender carne de bois com origem nesse processo que colocou o País no centro do debate mundial sobre sustentabilidade.

No extenso documento intitulado “Grupo Casino – Eco Responsable de la Déforestation”, a Envol Vert cita especificamente os frigoríficos JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3) como originadores de animais de quatro fazendas acusadas de desmatamento: JR, no Pará, as mato-grossenses Santo Antônio, Bianchini e Ellus, além da Lemes, em Rondônia.

Segundo o relatório da organização francesa, muito respeitada pelo governo de Emmanuel Macron, o grupo francês detém 15% da distribuição de “viande” no Brasil e 43% na Colômbia, através da rede de supermercados Éxito.

Em nota enviada a Money Times, o GPA – Pão de Açúcar, Extra e Assaí – reafirma que tem a “sustentabilidade como um dos pilares estratégicos de seu negócio” e há anos vem “promovendo uma atuação de combate ao desmatamento na cadeia de valor da carne no país”.

E que já acionou as empresas fornecedoras citadas, apesar de que os frigoríficos fornecedores, como informa, possuírem sistemas de geomonitoramento que verificam a conformidade dos pecuaristas com a política socioambiental do grupo.

Veja o documento:

“O GPA tem total ciência da complexidade e importância do tema, bem como da necessidade de vigilância e monitoramento constantes e, desta forma, já notificou os frigoríficos mencionados no documento, solicitando esclarecimentos adicionais para apuração dos pontos levantados no relatório”, destaca a nota reproduzida ao final deste texto.

Produzido com apoio de organismos sul-americanos e de especialistas da Envol Vert presentes nos países citados, e com dados cruzados de várias instituições oficiais e privadas, o relatório, que teria levado “um ano em investigações”, procura demonstrar que as propriedades rurais citadas são responsáveis por 4.497 hectares desmatados.

De onde sairiam os animais, cuja “carne, de explorações agrícolas direta e indiretamente ligadas aos frigoríficos, (que) abastecem o grupo Casino”.

Nota do GPA:

O Grupo tomou conhecimento do relatório publicado pela Associação Envol Vert, na França, e, a respeito do seu conteúdo, conforme carta de resposta encaminhada à associação, esclarece que:

– Ciente de seu papel como agente transformador da sociedade, que tem a sustentabilidade como um dos pilares estratégicos de seu negócio, o GPA vem, há anos, promovendo uma atuação de combate ao desmatamento na cadeia de valor da carne no país, por meio de uma política sistemática e rigorosa de monitoramento e controle da carne bovina comprada pelas unidades de negócio do Grupo.

– Desde 2016, o Grupo estabeleceu uma Política Socioambiental de Compras de Carne Bovina (https://www.gpabr.com/wp-content/uploads/2020/06/politica-de-compras-carne-bovina.pdf), que homologa e monitora todos os fornecedores nacionais de todos os negócios do Grupo, a fim de identificar a origem direta e garantir o cumprimento de critérios socioambientais na produção de carne in natura (resfriada e congelada). São eles: Livre de desmatamento do bioma Amazônico, Livre de condições análogas a trabalho escravo/infantil, Livre de embargos, Livre de invasões de terras indígenas e, Livre de invasões em áreas de conservação ambiental.

– Todos os frigoríficos fornecedores do GPA possuem sistemas de geomonitoramento para verificar se os pecuaristas diretos estão aderentes aos critérios exigidos em nossa Política Socioambiental. Em 2019, 99,6% do volume dessa carne vendida nas lojas do Grupo no país é controlada por esse sistema. De 2016 a 2019, 23 fornecedores foram bloqueados por não estarem aderentes à política socioambiental de compras de carne bovina do GPA.

– O GPA participa ainda de outras iniciativas pilotos voltadas aos desafios do monitoramento, também, da cadeia de fornecedores indiretos, com o objetivo de promover a melhoria contínua dos seus processos.

– Por política, o GPA só adquire carne bovina de fornecedores com o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF), vinculado ao Ministério da Agricultura, responsável por assegurar a qualidade dos produtos de origem animal e garantir rastreabilidade e qualidade para o consumidor, respeitando as legislações nacionais e internacionais vigentes.

– O GPA tem total ciência da complexidade e importância do tema, bem como da necessidade de vigilância e monitoramento constantes e, desta forma, já notificou os frigoríficos mencionados no documento, solicitando esclarecimentos adicionais para apuração dos pontos levantados no relatório.

– Com relação ao Éxito, na Colômbia, cabe informar que a empresa é membro ativo da Tropical Forest Alliance 2020, cujo objetivo é garantir que os produtos vendidos não estão vinculados ao desmatamento na Colômbia.  Em 2017, a companhia contribuiu para o desenvolvimento da primeira oferta de produtos bovinos certificada pela Rainforest Alliance.

– Em 2019, o Exito se comprometeu a monitorar 100% das fazendas de seus fornecedores diretos de carne bovina até 2021, de acordo com o critério zero desmatamento com a implantação de auditorias que podem dar origem a planos de ação corretiva, conforme definido no documento disponível em: https://www.grupoexito.com.co/es/declaracionganaderia-sostenible-grupo-exito.pdf

– Cientes dos desafios e riscos, bem como da complexidade dessas cadeias na América do Sul, as companhias continuam reforçando suas ações e políticas, em conjunto com todas as partes interessadas em um processo construtivo, para combater os riscos de desmatamento.

– As políticas de sustentabilidade que envolvem as companhias de ambos os países mencionados são igualmente legítimas e objetivam fortalecer o compromisso de todo o Grupo no combate ao desmatamento na cadeia de abastecimento de carne bovina, processo que está em constante evolução.

Assessoria de imprensa do GPA

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