Onde vão parar os juros? IPCA-15 no Brasil, PCE nos EUA, balanço da Americanas e outros destaques que agitam as bolsas hoje
Não tem muito tempo que uma das grandes preocupações de quem acompanha o noticiário econômico no Brasil era onde iriam parar os juros. O Banco Central (BC) levou a taxa Selic aos 13,75% ao ano em 2022 e segurou o quanto pôde antes de começar a baixar.
A situação levou a duras críticas do governo, do setor produtivo e também do mercado financeiro. O descontentamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a atuação do chefe do BC, Roberto Campos Neto, não era segredo para ninguém.
Os juros finalmente começaram a cair em agosto de 2023. Agora o debate em torno da Selic gira em torno de quanto será a taxa quando a Selic parar de cair.
Antes acreditava-se que ela não perderia os dois dígitos. Com a melhora da economia, passou-se a estimar a Selic mais perto — e até abaixo — dos 9% ao término do ciclo de alívio monetário.
No entanto, a alta dos juros pelo Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos jogou água no chope do BC brasileiro.
A atividade econômica aquecida nos EUA inibe um alívio monetário por lá e repercute nos mercados financeiros globais.
Afinal, por mais que o crescente endividamento dos EUA cause cada vez mais preocupação, ainda é impossível para os ativos emergentes concorrer com os títulos da dívida norte-americana.
Nesse cenário, o IPCA-15 de fevereiro deve ajudar os investidores a ter mais clareza com relação a quando o BC brasileiro vai parar de cortar os juros.
Depois de a inflação oficial ter vindo salgada em janeiro, analistas esperam uma forte aceleração do IPCA-15 agora.
A expectativa é de que o índice acelere de 0,31% para 0,82% na comparação mensal e de 4,47% para 4,53% na leitura anual. A divulgação está prevista para às 9h.
As projeções já levam uma parte do mercado a considerar que o BC vá diminuir o ritmo dos cortes de juros a partir de junho — de 0,50 para 0,25 ponto porcentual.
Caso isso se confirme, o fim do ciclo do corte de juros volta a ficar mais perto dos 10% ao ano. E o IPCA-15 é só o primeiro indicador de uma agenda carregada para esta semana.
Para saber como isso afeta seus investimentos, acompanhe a cobertura de mercados do Seu Dinheiro.
O que você precisa saber hoje
INSIGHTS ASSIMÉTRICOS
Campos Neto e Powell navegam em águas incertas: o que esperar dos próximos passos dos banqueiros centrais para os juros. Na visão do colunista Matheus Spiess, a trajetória das taxas de juros no Brasil e nos EUA será decisiva para as expectativas dos investidores e a direção dos ativos de risco.
DEPOIS DOS BALANÇOS
O pior já passou para a Americanas (AMER3)? O CEO diz que a varejista está “onde queria” neste momento — mas ainda falta muito para o equilíbrio. Além dos resultados atrasados dos nove meses iniciais de 2023, a empresa anunciou que o plano de recuperação judicial foi homologado pela Justiça do Rio de Janeiro.
FIIS HOJE
Os dividendos deste fundo imobiliário saltaram mais de 1200% após a venda de ativos e devem seguir em alta no semestre, mas o FII já tem data para acabar. O fundo imobiliário em questão distribuiu R$ 0,41 por cota para seus pouco mais de 2.400 cotistas neste mês, contra cerca de R$ 0,03 em janeiro.
LINHA D’ÁGUA
Por que FoFs de previdência privada serão os grandes vencedores das mudanças recentes na tributação. Esse tipo de fundo mantém a mesma característica tributária de um exclusivo de previdência, mas, por ser um fundo coletivo, de varejo, não tem o limite de R$ 5 milhões de patrimônio.
AS JOIAS DA COROA
Uma opção ao Ozempic? A rival da Novo Nordisk dispara quase 40% após resultado promissor de remédio para emagrecer. As ações da Zealand Pharma subiram forte depois de a empresa ter divulgado o ensaio de um tratamento para doenças hepáticas que ajuda na perda de peso.
Uma boa terça-feira para você!