Criptomoedas

2019 será o ano em que as moedas digitais estáveis voltarão à moda?

12 jan 2019, 16:00 - atualizado em 12 jan 2019, 20:51

Por Tanzeel Akhtar/Investing.com – Ao contrário da maioria da criptomoedas, como o Bitcoin e o Ethereum, cujo valor de mercado é determinado por um conjunto de fatores, como oferta e demanda, concorrência, questões regulatórias e confiança dos investidores em sua governança interna, as moedas estáveis (ou stablecoins) oferecem uma proposta diferente. Elas são consideradas estáveis porque são moedas digitais lastreadas em ativos menos voláteis e geralmente mais estabelecidos, como o dólar norte-americano, que é uma moeda fiduciária.

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A moeda estável mais conhecida atualmente é o Tether, cuja paridade com o dólar é de 1:1, além de ser a oitava criptomoeda mais popular com base em sua capitalização de mercado, que é de US$ 1,92 bilhão. Essa posição, no entanto, pode mudar em 2019 com o lançamento de novas moedas estáveis para concorrer com o Tether, que tem sido afetado por problemas de transparência responsáveis por grandes flutuações de preço, algo que não deveria ocorrer nas negociações de uma stablecoin.

De acordo com a CryptoPotato, em outubro de 2018, o Tether dominou o mercado de moedas estáveis, capturando uma parcela de 96% dos investimentos em stablecoins. Em dezembro, essa parcela diminuiu para 73%. Moedas estáveis alternativas, como o TrueUSD (TUSD) e o Paxos (PAX), foram lançadas em 2018, mas a expectativa é que novos lançamentos ocorram em 2019.

Entre os últimos acontecimentos mais importantes, o destaque é um anúncio feito no início desta semana pelo Banco Mizuho, do Japão, que pretende lançar sua própria stablecoin em março, a qual será lastreada no iene japonês. A PricewaterhouseCoopers (PwC), uma das quatro maiores empresas de auditoria do mundo, firmou parceria com a Cred, uma plataforma descentralizada líder em criptomoedas. As empresas pretendem lastrear sua nova moeda em dólar norte-americano.

A corretora japonesa Binance, que permite que os usuários negociem pares de criptomoedas, anunciou que adicionará três pares de stablecoins, incluindo PAX/TUSD. Outro evento interessante ocorreu em 2 de janeiro nos EUA, onde o Departamento Bancário do Texas declarou que qualquer moeda estável lastreada em uma moeda soberana pode ser considerada como dinheiro ou ativo com valor pecuniário, de acordo com a lei norte-americana de serviços monetários.

  

Nick Cowan, diretor-geral e fundador da Bolsa de Valores de Gibraltar, explica que as stablecoins têm potencial para mudar o ano de 2019 para a comunidade das criptos, principalmente diante do claro crescimento da adoção.

Segundo Cowan:

“A conexão de ativos do mundo real, como o dólar ou o euro, ao blockchain cria liquidez de mercado para os traders ao redor do mundo.Dessa forma, as moedas estáveis facilitam o processo de integração e obtenção de criptomoedas pelos novatos, que estão mais acostumados a pensar em termos de dólares e euros, em vez dos imprevisíveis valores do Bitcoin.Trata-se de mais um passo positivo em direção à institucionalização do espaço, fechando a lacuna entre o mundo financeiro tradicional e a nova realidade das criptomoedas.”

Guy Hirsch, diretor executivo da eToro, dos EUA, explica que as stablecoins são “experimentos”. Ele afirma que há diversos casos de uso das moedas estáveis, incluindo moedas fiduciárias, commodities, valores mobiliários e múltiplos mecanismos de lastreamento que ainda estão sendo testados, e a expectativa é vermos mais desses testes, em larga escala, ao longo de 2019.

As stablecoins ajudam a diminuir a volatilidade

Hirsch afirma:

“As moedas estáveis são populares porque podem diminuir a volatilidade, enquanto o uso do blockchain facilita as transações. Sem o blockchain, essas transações teriam consumido muito mais tempo e dinheiro, teriam menos flexibilidade em termos de portabilidade e não seriam programáveis para se tornarem mais inteligentes.”

Ele identifica dois principais problemas para a adoção em massa: o primeiro é a facilidade de acesso e a conversão de todos os participantes na transação; o segundo é o suporte do ecossistema. “No mundo dos pagamentos, os cartões de débito e crédito possuem um ecossistema praticamente universal para dar suporte às transações, mas as stablecoins ainda têm um longo caminho pela frente para atingir um padrão similar. Acreditamos que existem maneiras teóricas de descentralizar uma moeda estável, mas o respaldo centralizado tem mais chances de fazer com que uma stablecoin amadureça e alcance uma ampla adoção em um horizonte de 3 a 5 anos”, explica Hirsch.

Mais 100 stablecoins devem entrar no mercado

Rich Rosenblum, cofundador e diretor de mercados da GSR, concorda que o universo das stablecoins sem dúvida está se expandindo. Ele afirma:

“Existem atualmente cinco moedas estáveis ativamente negociadas no mercado, porém a expectativa é que mais outras 100 entrem no mercado este ano. Não sei se poderia chamar isso de retomada. Graças à estabilidade do seu comportamento de preços, elas claramente mantiveram seus valores de mercado melhor do que qualquer outro subconjunto dos ativos digitais.”

Rosenblum explica que uma variedade de razões promove a popularidade das moedas estáveis. A mais óbvia é que as criptomoedas são extremamente voláteis, por isso é útil ter a opção de se proteger com um ativo digital menos volátil, sem ter que retornar à moeda fiduciária.

Muitos dizem que as stablecoins são, de certa forma, uma antítese da ideia de descentralização, pois seu respaldo é extremamente centralizado.

Rosenblum diz ainda:

“Até agora, a maioria das stablecoins ativas tem respaldo bancário centralizado, assim como as moedas soberanas. Entretanto, ainda podem ser negociadas em plataformas descentralizadas e serem úteis na proliferação de uma indústria que apoia a descentralização. Além disso, algumas moedas estáveis descentralizadas estão sendo produzidas.”

Ele conclui dizendo que, quando surgir uma moeda estável equivalente ao Bitcoin, ela terá um grande potencial para desbancar as atuais líderes.