Onda democrata aumenta diferencial em aposta global de títulos
Uma estratégia global de títulos sinaliza um diferencial maior de juros para investidores que apostam em recuperação mais rápida da economia dos Estados Unidos do que na Europa.
Os preços dos títulos do Tesouro dos EUA despencaram nesta semana, o que colocou os rendimentos dos papéis de 10 anos acima de 1%. O controle do Senado pelos democratas reforçou a expectativa entre operadores de que gastos públicos generosos estão a caminho. Ainda assim, os títulos alemães, a dívida de referência da Europa, permaneceram ancorados, o que levou à maior diferença de rendimento em relação aos Treasuries desde março.
“Este é o tema principal para 2021”, disse Antoine Bouvet, estrategista sênior de juros do ING, que projeta o spread dos títulos de 10 anos em 200 pontos-base no primeiro semestre do ano, em relação a cerca de 157 atualmente. “O cenário favorece que o diferencial dos juros se amplie ainda mais.”
Investidores precificam mais estímulos fiscais nos Estados Unidos após a vitória dos democratas no segundo turno das eleições do Senado na Geórgia, enquanto vacinas contra o coronavírus também são distribuídas. As clássicas apostas de reflação – como o posicionamento para uma curva de juros mais inclinada – também estão de volta.
Ainda assim, a recuperação na Europa deve ser mais lenta. O Banco Central Europeu também tem injetado trilhões de euros nos mercados de títulos por meio do programa da pandemia, o que limita o aumento dos rendimentos. A taxa dos títulos alemães de 10 anos é negociada em território negativo, em -0,51%.
Após a crise financeira, o Federal Reserve foi o único grande banco central a conduzir um ciclo significativo de aumento dos juros, enquanto o Banco Central Europeu não eleva as taxas desde 2011. Em 2018, o spread do rendimento de 10 anos entre títulos do Tesouro dos EUA e os chamados bunds da Alemanha havia superado 275 pontos-base, o nível mais alto desde pelo menos 1989.
A divergência nas expectativas de recuperação da inflação agora pode ser observada no ponto de equilíbrio de 10 anos nos EUA, que ultrapassou 2%, o maior patamar desde 2018. A taxa equivalente na Alemanha permanece abaixo de 1%.