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Onda de falências está apenas começando, afirma dono da Z-score

15 jul 2020, 14:33 - atualizado em 15 jul 2020, 14:33
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Embora a recuperação alimentada por estímulos nos mercados de crédito desde março tenha ajudado Altman e outros alertaram que muitas delas estão apenas atrasando um acerto de contas inevitável (Imagem: Unsplash/@seffen99)

O professor Edward Altman, da Universidade de Nova York, que desenvolveu uma das fórmulas mais conhecidas para prever falências corporativas, faz um alerta aos investidores dos mercados de crédito dos EUA: a onda de megainsolvências deste ano está apenas começando.

Mais de 30 empresas americanas com passivos acima de US $ 1 bilhão já entraram desde janeiro com pedidos no Capítulo 11 da lei de falências dos EUA – que se assemelha no Brasil à lei de recuperação judicial – e esse número deve chegar a 60 no final do ano, com o aumento das dívidas durante a pandemia, segundo ele.

Altman é criador do Z-score e professor emérito da Stern School of Business da NYU. Empresas globais captaram um recorde de US$ 2,1 trilhões neste ano por meio de emissão de títulos corporativos, com quase metade vindo de emissores norte-americanos, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Embora a recuperação alimentada por estímulos nos mercados de crédito desde março tenha ajudado as empresas a permanecerem à tona durante a crise do coronavírus, Altman e outros alertaram que muitas delas estão apenas atrasando um acerto de contas inevitável.

A Fitch Ratings estima que a inadimplência de títulos corporativos em todo o mundo neste ano possa exceder os níveis atingidos durante a recessão global em 2009.

“Houve um enorme acúmulo de dívida corporativa até o final de 2019 e eu pensei que o mercado ganharia alguma desalavancagem necessária com a crise da Covid-19”, disse Altman, que também é diretor de pesquisa de mercado de crédito e dívida na NYU Salomon Center. “Agora, parece que as empresas novamente estão explorando o que parece ser uma recuperação louca.”

‘Recessão mais profunda’

À medida que novas ondas de coronavírus impedem os aviões de voar e restringem os gastos dos consumidores, as pressões sobre a economia global estão aumentando.

O Fundo Monetário Internacional rebaixou suas perspectivas para a economia mundial em junho, projetando uma recessão mais profunda e uma recuperação mais lenta do que o previsto anteriormente.

“Houve um enorme acúmulo de dívida corporativa até o final de 2019 e eu pensei que o mercado ganharia alguma desalavancagem necessária com a crise da Covid-19”, disse Altman, que também é diretor de pesquisa de mercado de crédito e dívida na NYU Salomon Center. “Agora, parece que as empresas novamente estão explorando o que parece ser uma recuperação louca.”

‘Recessão mais profunda’

À medida que novas ondas de coronavírus impedem os aviões de voar e restringem os gastos dos consumidores, as pressões sobre a economia global estão aumentando. O Fundo Monetário Internacional rebaixou suas perspectivas para a economia mundial em junho, projetando uma recessão mais profunda e uma recuperação mais lenta do que o previsto anteriormente.

A Chesapeake Energy Corp., pioneira da revolução do xisto, e a varejista Brooks Brothers Group Inc. entraram com pedidos de recuperação judicial nos EUA nas últimas semanas.

Defaults na região Ásia-Pacífico incluem a Virgin Australia Holdings Ltd. e a Hilong Holding Ltd., com sede em Xangai, uma empresa de equipamentos e serviços de petróleo.

O Man Group Plc, o maior fundo de hedge de capital aberto do mundo, alertou investidores do mercado de créidto sobre o risco. O Banco Mundial também estimou que mais de 90% das economias sofrerão contrações este ano, mais do que o observado no auge da Grande Depressão.

“A velocidade e magnitude do aumento da dívida corporativa neste ano colocam vários riscos para uma perspectiva econômica global já frágil”, disse Ayhan Kose, diretor do Grupo de Perspectivas de Desenvolvimento do Banco Mundial, principal nome na instituição a fazer previsões econômicas.

Os países nos quais uma grande proporção dos empréstimos são em moedas estrangeiras ou por períodos mais curtos são particularmente vulneráveis, pois enfrentam riscos de taxas de câmbio flutuantes e também precisam rolar a dívida mais rapidamente, disse ele.

Xavier Jean, diretor sênior de classificações corporativas da S&P Global Ratings, disse que algumas empresas estão sendo proativas, pois não têm certeza se conseguirão captar recursos durante o segundo semestre. Mas para aquelas que enfrentam um tremendo estresse em suas operações, o aumento dos empréstimos eleva os riscos se as coisas não mudarem tão rapidamente, disse ele.

Nos EUA, o Federal Reserve forneceu estímulos sem precedentes, inclusive por meio da compra de títulos corporativos, abrangendo dívidas de empresas que tiveram suas classificações de risco cortadas de grau de investimento para junk.

Para Altman, as empresas estão fazendo o oposto do que deveriam fazer, que seria desalavancar, como os bancos fizeram após a crise financeira global de 2008. “Quando há um aumento no risco de insolvência, o que você não precisa é de mais dívida. Você precisa de menos dívida.”