Onda de cepa delta na Índia tem aumento significativo de mortes
A mortalidade aumentou “significativamente” na segunda onda de Covid-19 na Índia, segundo um novo estudo, indicando que a variante delta, que provocou rápido aumento dos casos, também pode ser mais letal.
A maior incidência de mortes foi observada em todas as faixas etárias, exceto entre pessoas com menos de 20 anos, de acordo com estudo publicado no Indian Journal of Medical Research por pesquisadores liderados por Gunjan Kumar. “As variantes circulantes na segunda onda de Covid-19, B.1.1.7 e B.1.617, foram consideradas mais transmissíveis, bem como mais virulentas”, segundo o estudo, em referência às variantes alfa e delta, identificadas pela primeira vez no Reino Unido e na Índia, respectivamente.
A variante delta é vista como altamente contagiosa. Se também for comprovado que é mais letal, isso obrigaria governos a reforçar as medidas de saúde pública.
A cepa foi o principal fator por trás da segunda onda devastadora da Índia, que elevou os casos diários acima de 400 mil no início de maio, sobrecarregando hospitais e crematórios, e que agora está presente em quase 100 países.
A variante já adiou os planos de reabertura do Reino Unido, colocou estados australianos novamente em lockdown e deve se tornar a cepa dominante nos EUA.
A natureza “explosiva” da recente onda de coronavírus na Índia fez com que um grande número de pessoas fossem afetadas em um curto espaço de tempo, disse o estudo. “Isso colocou a infraestrutura de saúde sob pressão, tornando a internação possível apenas para pacientes mais graves, o que também poderia explicar a maior mortalidade entre pacientes hospitalizados”, disse.
Duas ondas
O estudo analisou dados coletados no National Clinical Registry for Covid-19 e estudou as características clínicas dos pacientes durante essas duas ondas sucessivas. A febre foi o sintoma comum entre as duas ondas.
Uma proporção significativamente maior de pacientes queixou-se de falta de ar, desenvolveu síndrome do desconforto respiratório agudo, além de necessitar de oxigênio suplementar e ventilação mecânica na segunda onda, de acordo com os dados.
Famílias inteiras foram dizimadas na recente onda, que atingiu a Índia em março e chegou ao pico no início de maio.
A Índia corre contra o tempo para vacinar a população e evitar uma possível terceira onda – que, segundo alguns cientistas, pode chegar dentro de alguns meses -, mas até agora conseguiu imunizar totalmente apenas 4,7% dos habitantes, de acordo com o rastreador de vacinas da Bloomberg.