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Omega mira leilões privados e contratos corporativos para construir parques de energia renovável

14 ago 2020, 18:46 - atualizado em 14 ago 2020, 18:46
Ômega Energia Renovável
O modelo de negócio da Omega Desenvolvimento visa criar projetos e fechar a venda da energia junto a clientes para viabilizar a construção dos parques (Imagem: REUTERS/Jo Yong-Hak)

A empresa de renováveis Omega Desenvolvimento, do mesmo grupo da listada Omega Geração (OMGE3), tem avaliado oportunidades de expansão fora dos tradicionais leilões promovidos pelo governo no Brasil para viabilizar novos projetos de energia, disse à Reuters o novo presidente da companhia, Rogério Zampronha.

O Ministério de Minas e Energia suspendeu todos leilões do setor de energia de 2020 por incertezas sobre a demanda geradas pela pandemia de coronavírus e ainda não há definição sobre reagendamento das licitações de geração, que fecham contratos de longo prazo para atender à demanda das distribuidoras de energia, que suprem consumidores finais no mercado regulado.

Em meio a esse cenário, a Omega buscará viabilizar a construção de projetos eólicos e solares de sua carteira com contratos privados, no mercado livre de energia, onde empresas com certo nível de consumo podem negociar o fornecimento diretamente com geradores ou comercializadoras.

“Direto ao ponto: acho que se tiver leilão em 2020 vai ser muito pequeno, nem sei se vale a pena ter. Não é de hoje que o mercado regulado deixou de ser a grande alavanca de investimento”, disse Zampronha, em conversa por vídeo-conferência.

O executivo, que vinha há anos liderando a fabricante dinamarquesa de equipamentos eólicos Vestas na América do Sul e iniciou agora processo de transição para a Omega, lembrou que cerca de dois terços das vendas recentes de turbinas na Vestas foram para atender projetos voltados ao mercado livre.

“Hoje, você tem muitas fontes de demanda, e o mercado regulado vai ser mais uma dessas fontes. Mas vai continuar sendo uma fonte menor que o mercado livre, seguramente”, afirmou.

O modelo de negócio da Omega Desenvolvimento visa criar projetos e fechar a venda da energia junto a clientes para viabilizar a construção dos parques, que depois são oferecidos para aquisição pela Omega Geração quando já operacionais.

Um caminho alternativo para essas vendas é a participação em leilões que têm sido realizados por empresas de energia para comprar energia renovável em contratos de longo prazo.

As estatais Cemig e Copel já realizaram diversos pregões como esses, e a Energia Sustentável do Brasil (ESBR)– que opera a hidrelétrica de Jirau e é controlada pela francesa Engie– também promoveu leilão para comprar energia solar e eólica em contratos longos e reduzir a exposição ao risco hidrológico.

A Omega também mira contratos bilaterais com grandes empresas que buscam reduzir suas emissões de carbono ou garantir suprimento apenas com fontes renováveis.

“Embora a demanda por energia nova esteja muito baixa, porque hoje há um excesso de energia, e sabemos disso, a migração de grandes clientes para fontes renováveis está acontecendo de uma forma muito acelerada”, disse Zampronha, destacando que nem a pandemia reduziu esse movimento.

Esses contratos de energia limpa com empresas devem ser um dos principais fatores a guiar os investimentos em geração no Brasil nos próximos anos, com diversas empresas de energia disputando o apetite por esse tipo de negócio, disseram especialistas à Reuters no início de agosto.

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Na frente dos contratos com empresas, a Omega anunciou ainda em julho, antes da chegada do novo CEO, contrato com a gigante do agronegócio Cargill (Imagem: Wikimedia Commons)

Bilaterais

“A curto prazo, vamos ver ainda mais contratos bilaterais, e a gente deve ver alguns leilões privados também”, disse Zampronha, sobre as oportunidades no radar da companhia.

“A Copel fez um leilão nesta semana, Jirau também. E isso enseja outras grandes hidrelétricas que têm problema de risco hidrológico a fazerem o mesmo movimento”, acrescentou ele.

Na frente dos contratos com empresas, a Omega anunciou ainda em julho, antes da chegada do novo CEO, contrato com a gigante do agronegócio Cargill para construir usinas eólicas no Nordeste que abastecerão com energia limpa terminais portuários da empresa norte-americana em Miritituba e Santarém, no Pará.

“As empresas têm suas políticas de sustentabilidade para colocar em prática e há outras no setor de agrobusiness que em minha opinião podem fazer essa migração”, afirmou Zampronha.

A Omega Desenvolvimento tem uma carteira de projetos eólicos para implantação futura no Maranhão, Piauí e Bahia, com alguns em desenvolvimento também no Ceará, enquanto os empreendimentos solares focam Piauí e Bahia.

Ao anunciar a contratação de Zampronha nesta semana, a Omega destacou o perfil empreendedor do executivo.

Formado em economia pela Universidade de São Paulo (USP), Zampronha acabou contratado para chefiar a Schneider Electric no Brasil em 2013, cerca de três anos depois de ter negociado a venda à companhia de uma empresa de tecnologia criada por ele mesmo, a Soft Brasil.