Entrevista

Olympikus irá vestir o brasileiro (não só os pés), projeta CEO da Vulcabras Azaleia

14 mar 2018, 15:55 - atualizado em 14 mar 2018, 16:58
“A inteligência de mercado nos mostrou que precisamos entender melhor o consumidor” (Foto: Joyce Cury)

Há alguns anos o setor calçadista poderia ser uma aposta improvável de sucesso na Bolsa, mas o desempenho recente da Vulcabras Azaleia (VULC3) enterrou esta visão após um processo de turnaround que culminou com um crescimento de 234% do lucro líquido em 2017, para R$ 45,4 milhões. A margem líquida saltou de 4,4% para 14,4%. Agora, a tradicional indústria brasileira se tornou uma gestora de marcas, quer recolocar a Azaleia entre as mais desejadas, e ampliar a colocação da Olympikus de tênis esportivos para vestuário e calçados.

Em entrevista para o Money Times, o CEO da empresa, Pedro Bartelle, explica como reformulou a empresa e traça os próximos passos. “A inteligência de mercado nos mostrou que precisamos entender melhor o consumidor. Este foi o primeiro passo para nos tornarmos uma gestora de marcas, que é como agora nos consideramos. Não é mais a indústria que empurra as vendas, mas as vendas que puxam a indústria”, explica. Veja, abaixo, os principais trechos da conversa.

Como pode ser visto 2017 dentro do plano da empresa? É o fim de um ciclo de turnaround?

A gente tem dividido o turnaround em duas partes: a primeira começou em 2012, na metade do ano, e terminou no final de 2014. Foi um período onde a gente contratou a Galeazzi para nos ajudar na reestruturação e redirecionamento dos nossos negócios. Em 2015, 2016 e 2017, praticamente já não tínhamos mais a consultoria. Neste período pós-consultoria precisávamos acelerar a profissionalização da companhia com governança, além de inteligência de mercado. Foi aí que eu atuei mais.

Nesses últimos três anos trouxemos novos executivos, promovemos alguns, e reorganizamos o quadro administrativo. A partir daí o operacional melhorou, com retorno do lucro em 2016 e, em 2017, tivemos um ano de comemoração e com margens altas. No final do ano tivemos o nosso re-IPO, após ter ido ao mercado nos anos 1970, e migramos para o Novo Mercado. Consolidamos a empresa nesta nova fase e preparados para os próximos desafios e negócios.

As fábricas estão adaptadas para mudar a produção conforme as mudanças nos pedidos das varejistas

Com a casa em ordem, quais são os novos desafios?

As empresas calçadistas no Brasil sempre tiveram um perfil industrial e de produção e era isso que empurrava as vendas. A inteligência de mercado nos mostrou que precisamos entender melhor o consumidor. Este foi o primeiro passo para nos tornarmos uma gestora de marcas, que é como agora nos consideramos. Não é mais a indústria que empurra as vendas, mas as vendas que puxam a indústria. É um paraíso para a fábrica só produzir o que está vendido e hoje vivemos muito bem com a carteira de pedidos e vendas com antecedência.

O foco em se tornar uma gestora de marcas veio de algum exemplo do mercado?

Na verdade, a Vulcabras /Azaleia é a soma de duas empresas, que se uniram em 2007. Ambas empresas, mas principalmente a Vulcabras já fazia gestão de marcas no Brasil, como Adidas, Asics, Reebok, entre outras. Essa experiência nos ajudou na integração. A inspiração também veio de algumas boas práticas nas marcas internacionais, que têm muito essa visão de categoria, segmentação e inteligência de mercado. Tropicalizamos tudo isso.

Vivemos no Brasil um comércio muito pulverizado. A nossa base clientes mais de 15 mil empresas diferentes, em torno de 22 mil pontos de venda, e precisamos mesmo saber atender. Em países mais ricos as grandes cadeias dominam. Sabemos que a Olympikus tem um reconhecimento muito grande no país e isso faz com que a gente consiga atender os anseios dos brasileiros. Não por nada somos o líder de mercado.

E o que esperar de 2018?

Esse período de fortalecimento, oferta de ações foi ano passado, agora é a ideia é ampliar a Olympikus em outras categorias ou reforçar alguns segmentos que ela não está em vestuário e calçados. Temos um desafio enorme de transformação da Azaleia, que é Top Of Mind no Brasil, e olhando novos negócios. Espero chegar no final do ano com uma empresa com crescimento e perpetuá-la como gestora de marcas próprias e novas que venham se somar. A Azaleia dará bastante trabalho para retomar o viés de crescimento.

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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