Olha o golpe: Brasil tem 2,8 mil tentativas de fraude por minuto; veja como se proteger
A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) lançou nesta terça-feira (22) uma ação para auxiliar a população no combate a fraudes relacionadas ao setor financeiro. A campanha “Tem Cara de Golpe” tem apoio do Banco Central e mais 63 instituições associadas.
No Brasil, foram contabilizadas 2,8 mil tentativas de fraudes financeiras em canais eletrônicos por minuto apenas no primeiro trimestre de 2023, segundo o cruzamento dos resultados de pesquisa da empresa de prevenção de fraudes e segurança digital CAF e dados do Banco Central.
Golpes como pedido de Pix via WhatsApp e redes sociais, ligações de falsas “centrais” de bancos para coletar dados, trocas de cartões na hora do pagamento e falso motoboy são os principais citados pelas vítimas, de acordo com a ABBC.
Os golpes estão cada vez mais articulados mesmo. Recbi um e-mail dizendo que tinha um pix agendado na minha conta do Mercado Livre, com tudo parecendo verídico. Fui ver no site (e não no link do email) e tinha nada.
Ou seja: se eu fosse pelo site provavelmente pegariam os dados— Só Ítalo (@SoItalo_) August 7, 2023
Durante o evento, a Resolução Conjunta nº 6, publicada em maio de 2023, foi citada como uma das medidas já adotadas pelo Banco Central e o Conselho Monetário Nacional (CMN) que prevê o compartilhamento de dados e informações sobre indícios de fraudes a serem observados pelas instituições financeiras, instituições de pagamento e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Bacen. A decisão entra em vigor em 23 de novembro deste ano.
O delegado divisionário de Crimes Cibernéticos do DEIC/SP, Carlos Afonso Gonçalves da Silva, reafirmou a importância da Resolução para o dia a dia da divisão, uma vez que a identificação de CPF’s envolvidos em fraudes, disponibilizado pelas instituições, auxiliará no rastreio.
Cai em um golpe, e agora?
A ABBC orienta que é importante comunicar imediatamente ao banco por meio dos canais oficiais de atendimento. Além disso, é necessário bloquear os serviços financeiros e as contas que possam ser acessadas pelos criminosos.
O chefe de subunidade do Departamento de Supervisão Bancária (DESUP) do Banco Central do Brasil, Márcio Contador, destacou durante o evento de lançamento da campanha que fraude e golpe são incidentes distintos. Enquanto a fraude não necessita da participação direta do cliente para realizar a transação financeira – ou seja quando há furto de celulares e o criminoso acessa as contas e faz movimentações –, o golpe já conta com a participação da própria pessoa que está sendo enganada para realizar uma transação, por exemplo.
Cabe a cada instituição financeira entender o que é necessário ser feito para que seu cliente possa resolver a situação, seja em caso de fraude ou um golpe da melhor maneira possível, analisando o que pode ser feito para aperfeiçoar suas ferramentas de proteção.
O delegado também reiterou que o dever dos bancos nestes casos é de, principalmente, fazer uma pesquisa em cima dos dados coletados do fraudador e barrar novas transações financeiras, evitando que outras instituições também estejam suscetíveis aos atos criminosos. Ainda de acordo com ele, o trabalho da divisão especializada em crimes cibernéticos é fazer a devolução do dinheiro da vítima sem que instituições financeiras ou a pessoa saia prejudicada.
Como se previr de golpes financeiros
O aumento na quantidade de golpes principalmente por conta da internet, tem feito com que as pessoas modifiquem sua forma de se comportar dentro e fora de casa. “Vemos muitas pessoas falarem em excluir apps de bancos do celular ou até mesmo ter medo de andar com o aparelho na rua. Não queremos isso. O intuito é fazer com que as pessoas vejam que elas estão, sim, seguras e a campanha reforça isso dando informações e alertando a sociedade”, disse Márcio Contador, chefe de subunidade do Departamento de Supervisão Bancária (DESUP) do Banco Central do Brasil no evento.
Portanto, as ações preventivas sugerem que o indivíduo:
- Não compartilhe dados pessoais;
- Desconfie sempre de ligações com pedidos urgentes;
- Nunca clicar em links suspeitos ou desconhecidos, que podem ser endereços maliciosos disfarçados, seja por e-mail, SMS ou aplicativo de mensagens instantâneas.
Para o coordenador da Comissão de Prevenção a Fraudes e do GT da ABBC, Fábio Fekete de Noronha, a conscientização da população é um dos principais recursos para que este número deixe de subir.
De acordo com Noronha, os golpes estão se tornando cada vez mais sofisticados, o que tem sido combatido pelas instituições financeiras com investimentos robustos em tecnologia e equipes de combate e monitoramento, bem como com informações didáticas e atualizadas à sociedade para aumentar sua consciência preventiva. “Os golpistas hoje estão se especializando em técnicas de engenharia social para convencer os clientes a compartilharem voluntariamente seus dados sensíveis ou realizarem transações indevidas”, afirma.
No site oficial da campanha “Tem Cara de Golpe”, estão descritos os 11 tipos de fraudes mais comuns, além de serem detalhadas as principais estratégias de prevenção a golpes financeiros. O portal conta ainda com materiais educativos, como vídeos, orientações sobre como agir caso as pessoas sejam vítimas, além de perguntas e respostas com as dúvidas mais frequentes sobre o tema.