Oi vende fatia em operadora africana para petrolífera angolana por US$ 1 bilhão
A Oi (OIBR3) anunciou nesta sexta-feira que uma subsidiária indireta que detém participação no grupo angolano de telecomunicações Unitel vendeu essa fatia para a petrolífera Sonangol, também da Angola, por 1 bilhão de dólares.
Do valor total do negócio acertado pela subsidiária Africatel, 699,1 milhões de dólares foram pagos pela Sonangol nesta sexta-feira. Outros 240 milhões de dólares deverão ser pagos até o final de julho, representando um fluxo mínimo mensal de 40 milhões de dólares a partir de fevereiro.
A Africatel vendeu toda a participação na PT Ventures SGPS, holding portuguesa que detém 25% da Unitel e 40% da Multitel. Além da participação, o negócio, que deve trazer importantes recursos para o plano de recuperação judicial da Oi, envolveu direitos de créditos de dividendos já vencidos da Unitel.
O negócio ocorreu após a divulgação no último domingo de centenas de milhares de arquivos sobre a empresária Isabel dos Santos, tida como mulher mais rica da África, obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos. As notícias se concentraram sobre esquemas financeiros fraudulentos que teriam sido utilizados pela empresária para erguer seu império de negócios. Ela nega as acusações.
Autoridades angolanas congelaram os ativos da empresária no país africano no final de dezembro após as denúncias dos promotores de que ela e o marido Sindika Dokolo desviaram pagamentos de mais de 1 bilhão de dólares da Sonangol e da estatal Sodiam para empresas onde possuem participações. Isabel, que presidiu o conselho de administração da Sonangol entre 2016 e 2017, e Dokolo negam as acusações.
Na quarta-feira, o banco português Eurobic afirmou que Isabel decidiu vender toda sua participação na instituição. No mesmo dia, o diretor de private banking do banco e gestor da conta da Sonangol, Nuno Ribeiro da Cunha, foi encontrado morto em sua casa em Lisboa.
As ações da Oi, que vinham subindo nos últimos dias em meio a rumores no mercado sobre a operação divulgada nesta sexta-feira, chegaram a ter negócios interrompidos mais cedo à espera da divulgação do fato relevante. Às 13h38, os papéis ordinários da empresa recuavam 4,7%, a 1,02 real, e os preferenciais tinham baixa de 3,2%, 1,50 real.
Segundo a Oi, a operação já foi aprovada pelo juízo da recuperação judicial da empresa. “O ingresso de novos recursos e a redução de gastos em virtude da desvinculação com os litígios em curso proporcionarão o incremento de liquidez financeira e a melhoria no fluxo de caixa das recuperandas.
Além disso, a transação também contribuirá para a iniciativa das recuperandas de concentrar seus esforços nas operações e negócios conduzidos no Brasil”, afirmou a operadora de telecomunicações.
Veja o comunicado na íntegra: