Oi (OIBR3) vive ‘momento Petrobras’ e ainda precisa convencer mercado
Guardadas as devidas proporções, a Oi (OIBR3) passa por um “momento Petrobras (PETR4)” e vai ter que provar ao longo dos próximos anos que vale mais do que precificada pelos investidores na bolsa hoje.
A avaliação é do chefe de renda variável da Levante Investimentos, Flávio Conde, após o Cade aprovar nesta quarta-feira (9) a venda da rede móvel da operadora para as concorrentes TIM, Vivo e Claro por R$ 16,5 bilhões.
Segundo o analista, a Oi tem um histórico de decisões que depõe contra a própria empresa e terá que provar a cada trimestre que deixou para trás o passado problemático, através da geração de caixa.
Fundada em 1998, a companhia cresceu apoiada em investimentos do governo federal e de fundos de pensão de estatais, tornando-se uma das maiores beneficiadas pelos empréstimos a juros baixos do BNDES, em um projeto de se tornar uma “super tele”. No entanto, a companhia se afundou em dívidas.
Já a Petrobras, cujo acionista majoritário é a União, acumulou dívidas bilionárias no início dos anos 2010 por conta da política de controle de preço de combustíveis, entre outras coisas, embora nunca tenha entrado em RJ.
“Quando [o ex-presidente Michel] Temer assumiu o governo, a Petrobras tinha uma dívida enorme e só conseguiu muito recentemente começar a pagar dividendos”, lembra Conde.
A Oi entrou em recuperação judicial em 2016 com uma dívida de R$ 65 bilhões, cifra que hoje está em R$ 30 bilhões – valor que será reduzido a quase metade com a operação aprovada no Cade.
O analista da Levante diz que com um Ebitda entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões em 2022, conforme projetado por ele, a Oi chegaria ao final do ano com uma relação dívida sobre Ebitda de 2,6 vezes – patamar que Conde considera “aceitável”.
Potencial de OIBR3
A ação da Oi chegaria ao final de 2022 a R$ 1,57, – hoje é negociada a R$ 1,06 –, considerando um valor de firma sobre Ebitda de 4,5 vezes, com uma geração de caixa crescendo a 10%, diz Conde, da Levante.
Para o analista, dado o histórico da Oi, a ação da empresa deve subir a cada balanço com bons resultados, e notadamente no momento em que se aproximar a saída da Recuperação Judicial – que pode acontecer até março, quando vence o prazo para o término do processo.
No balanço mais recente, do terceiro trimestre, a Oi apresentou R$ 1,8 bilhão em investimentos e um Ebitda de 1,4 bilhão. Ou seja, a empresa queimou R$ 400 milhões em caixa. “É algo que precisa ser resolvido”, diz Conde.
A Oi aposta na fibra ótica para gerar caixa, segmento que tem margens maiores do que o de telefonia celular: o primeiro traz receita média por cliente de R$ 89, enquanto o segundo é responsável por apenas R$ 13, explica o analista.
A empresa também vendeu 57,9% da InfraCo, que concentra rede de fibra óptica com mais de 400 mil quilômetros de extensão, para o BTG Pactual – acionista que pode ser responsável por novos investimentos que trarão retorno para a Oi.