Oi (OIBR3): O que esperar do balanço do 4T21, após venda de ativos?
O BTG Pactual emitiu nesta sexta-feira (25) relatório dizendo que espera que a Oi (OIBR3) apresente uma queda de 5,7% da receita líquida na base anual, com as rotações das operações continuadas e descontinuadas caindo 4,3% e 7,0%, respectivamente.
A tele adiou o balanço do quarto trimestre para 27 de abril. Esse será o primeiro resultado reportado após o Cade aprovar a venda da unidade móvel da Oi (OIBR3;OIBR4) para Claro, TIM (TIMS3) e Vivo (VIVT3).
Para o quarto trimestre, o BTG espera que a empresa apresente Ebitda de R$ 1,4 bilhão, com margem de 32%, praticamente em linha com o trimestre anterior (-0,3p.p.).
“A empresa está efetivamente conseguindo cortar custos, protegendo suas margens de uma queda maior devido ao aumento da inflação“, diz trecho do relatório assinado por Carlos Sequeira e Osni Carfi.
O BTG tem a expectativa de uma “boa recuperação” em relação ao trimestre anterior (+3,3% t/t), principalmente devido a um melhor desempenho no segmento móvel (pré-pago e planos “Controle”).
Receitas B2B também devem cair, mas bem menos do que nos últimos trimestres (-3,2% a/a vs. -12,2% em média nos últimos 3 Ts), mantendo-se no mesmo patamar do 3T21, diz o BTG.
As receitas residenciais, que foram destaque nos últimos trimestres, não devem apresentar resultados fortes.
Queima de caixa
Segundo o BTG, a queima de caixa deve ficar em um patamar aceitável, com a Oi em uma posição de R$ 2,7 bilhões (vs. R$ 4,1 bilhões no 3T21) – consumo de R$ 1,4 bilhão no período.
Grande parte da queima de caixa vem do capex relacionado à operação de fibra, algo que deixou de ser responsabilidade da Oi a partir de 2022 devido ao contrato de venda da V.Tal.
Com relação à dívida, o BTG diz que a dívida externa da Oi deve ser levemente impactada pela desvalorização de 2,4% do real frente ao dólar no trimestre.
“Além disso, como a Oi usa o valor justo de sua dívida no balanço, a cada trimestre esses ajustes de valor justo diminuem um pouco, fazendo com que a dívida da empresa aumente”, pondera.
Para os analistas do banco, a dívida líquida pode ter encerrado 2021 em cerca de R$ 32,4 bilhões. O BTG lembra que a dívida bruta da Oi deve ser impactada positivamente pela valorização do real ocorrida no 1T22, já que 56% da dívida bruta da Oi é em dólares.
A valorização do real no 1T22 pode causar um impacto contábil positivo na dívida bruta da Oi de cerca de R$ 2,1 bilhões, segundo o BTG.
Ganho de clientes
De acordo com a Anatel, as adições líquidas desaceleraram um pouco no quarto trimestre. A Oi adicionou uma média de 72 mil clientes FTTH por mês no trimestre (vs. 110 mil no 3T21 e 123 mil no 2T21), com esse número caindo ainda mais em janeiro (+49 mil clientes FTTH no mês).
A tendência de menores adições não é apenas na Oi, com a deterioração do cenário econômico impactando o setor como um todo, segundo o BTG.
A maioria das empresas está experimentando maior rotatividade involuntária (clientes sendo cortados de suas bases por falta de pagamento) e maior concorrência, diz o BTG. “Para a Oi, esperamos que as adições líquidas retornem para cerca de 80 mil por mês no segundo semestre”.
Para o banco, seria difícil para a Oi retornar ao patamar de adições líquidas visto no pico da pandemia, “quando a demanda por internet de qualidade era extremamente alta”.
Outros possíveis números da Oi (OIBR3)
Para o BTG, as receitas fixas deve ser impactadas pelo menor crescimento receita de fibra (+70% a/a e +9% t/t), que deve atingir R$ 817 milhões no trimestre, e a aceleração da queda nas rotações do cobre (-49% a/a).
As menores receitas de fibra estão relacionadas à queda na adição de clientes, explica o BTG. Após alta anual nos últimos três trimestres, a receita residencial da Oi deve cair 5,2% a/a e 6,9% t/t no 4T21.
“É importante ressaltar que não acreditamos que essa seja uma tendência nova, pois foi causada principalmente pela piora do cenário macroeconômico do país”.
Os analistas dizem que continuam a acreditar que o segmento de fibra óptica proporcionará elevados retornos sobre o capital investido e deverá apresentar um forte crescimento nos próximos anos, em linha com as tendências de:
- Aumento da penetração da banda larga no país;
- Migração de tecnologias legadas para fibra;
- Consolidação de um mercado fragmentado.
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