Oi negocia venda de segmento móvel para TIM e Vivo
A Oi (OIBR3; OIBR4) está em negociações com a espanhola Telefónica, possuidora da Vivo (VIVT4), e com a Telecom Italia, controladora da Tim Participações (TIMP3), para vender seu negócio de telefonia móvel, a fim de evitar uma liquidação, disseram cinco pessoas com conhecimento do assunto.
A Oi tem enfrentado dificuldades para se reerguer desde que entrou com pedido de recuperação judicial em junho de 2016 para reestruturar uma dívida de aproximadamente 65 bilhões de reais.
A maior operadora de telefonia fixa do Brasil espera levantar mais de 10 bilhões de reais com a venda do segmento móvel, de acordo com duas das fontes, que falaram na condição de anonimato porque as negociações são confidenciais.
A Oi contava com uma base de cerca de 35 milhões de clientes em telefonia móvel em 30 de junho, de acordo com o balanço do segundo trimestre.
Os recursos provenientes da venda do negócio seriam usados para fortalecer o serviço de banda larga conhecido como “fiber-to-the-home”, considerado chave para o crescimento da companhia, conforme plano estratégico divulgado em julho.
A empresa atualmente tem 360 mil quilômetros de fibra em todo o país, uma infraestrutura que é também utilizada pelas outras operadoras.
A Oi também entrou em conversas preliminares com a norte-americana AT&T e outra empresa chinesa, visando atrair participantes que ainda não operam no maior mercado da América Latina, outras duas fontes disseram.
Representantes da Oi, da AT&T e das subsidiárias brasileiras da Telefónica e da Telecom Italia recusaram-se a comentar o assunto.
Novos entrantes não enfrentariam o mesmo desafio antitruste que as companhias já presentes no país.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a agência reguladora do setor de telecomunicações, Anatel, podem resistir à venda da unidade de telefonia móvel da Oi para uma ou duas operadoras que já atuam no mercado brasileiro, afirmaram duas das fontes.
Em comunicado enviado por email à Reuters, a Anatel disse que “uma possível compra da operação móvel do Grupo Oi por outras prestadoras de telecomunicações deverá ser submetida previamente ao conhecimento desta Agência”, destacando que ainda “não possui qualquer informação oficial quanto ao ingresso de pedido de anuência prévia para a compra”.
Cade e Anatel não responderam aos pedidos de comentário.
Embora as negociações em andamento estejam focadas no segmento móvel, a venda de toda a Oi não é descartada, uma das fontes acrescentou, ainda que tal acordo seja menos provável.
Desde que entrou com pedido de recuperação judicial, a base de clientes móveis da Oi encolheu mais de 20% e a companhia vem queimando caixa para expandir o serviço de fibra FTTH.
Ao fim de junho deste ano, a posição de caixa da companhia era de cerca de 4,3 bilhões de reais, quase 2 bilhões de reais abaixo do previsto em seu plano de reestruturação, segundo outra fonte.
Sem caixa para manter as operações, a Oi poderia deixar milhões de brasileiros sem serviço ou forçar a Anatel a intervir, criando um fardo adicional para o governo em um momento de profundo desarranjo das contas públicas.
Em relatório publicado na quarta-feira, a Fitch calculou que podem faltar cerca de 7 bilhões de reais para Oi até 2021 devido ao intensivo gasto de capital.
“A Oi depende de venda de ativos e mudanças regulatórias no curto prazo para financiar sua transição para um modelo de negócios sustentável”, informou a agência de classificação de risco.
A Oi contratou o Bank of America para assessorar na venda de ativos não essenciais em janeiro, e duas das fontes disseram que o banco agora está assessorando também a venda de operações chave.
Bank of America disse que não comentaria o assunto.
Rotas Alternativas
Enquanto negocia a venda da operação móvel, a Oi também avalia alternativas de curto prazo para captação de recursos, observaram as fontes, incluindo a emissão de até 3 bilhões de reais em dívida garantida pela futura venda de ativos.
A empresa ainda vem se esforçando para acelerar a venda da participação que detém na Unitel para alguns dos atuais acionistas da operadora angolana, o que permitiria a captação de cerca de 1 bilhão de dólares, ajudando também a destravar o pagamento de dividendos.
A Oi também considera um aumento de capital ou rodada de financiamento por parte dos seus acionistas, o que daria mais espaço para administrar os passivos de curto prazo.
Uma das fontes com conhecimento direto das operações da Oi afirmou que o atual presidente da companhia, Eurico Teles, e alguns dos acionistas se opõem à venda da unidade móvel.