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Oi despenca 13% e é negociada a R$ 1,27; entenda os motivos

16 ago 2019, 12:43 - atualizado em 16 ago 2019, 17:28
(Imagem: Facebook)

Por Investing.com

As ações da Oi (OIBR4) estão em seu segundo dia de perdas de dois dígitos. Um dia após despencar 17,93% a R$ 1,19, os papéis da empresa de telecomunicações chegaram a ser negociadas com outro tombo de quase 18% após especulações de que a Anatel – agência reguladora das telecomunicações do país – possa intervir na companhia após o balanço do segundo trimestre apontar um prejuízo bilionário e queima de caixa.

As especulações foram divulgadas na edição desta sexta-feira do jornal O Estado de S.Paulo. As ações da Oi diminuíram as perdas e são negociadas a R$ 1,29, baixa de 11,64%. Os papéis despencam mesmo com a Anatel negando planos de intervenção na empresa e a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que o governo “vai honrar contratos da Oi” após ser perguntado sobre a situação da empresa.

Entenda a situação

A empresa teve prejuízo trimestral de R$ 1,559 bilhão, em comparação a um prejuízo de R$ 1,258 bilhão no mesmo período do ano anterior. Analistas esperavam, em média, um prejuízo líquido de R$ 437 milhões, segundo dados Refinitiv.

A Oi que entrou com pedido de falência em junho de 2016 para reestruturar aproximadamente 65 bilhões de reais de dívida, registrou receita líquida de 5,091 bilhões de reais, queda de 8,2% em relação ao ano anterior. A dívida líquida da Oi no final de junho atingiu 12,6 bilhões de reais, 25,5% acima do ano anterior.

Os números acima trouxe preocupação a Anatel sobre a viabilidade do futuro da Oi. Segundo O Estado de S.Paulo, autoridades do governo Jair Bolsonaro foram alertadas esta semana de que, caso a empresa não reverta os resultados negativos, a agência reguladora pode intervir na companhia. O objetivo da intervenção seria evitar que regiões do país fique sem serviços de telefonia fixa prestados pela operadora.

A entrada da Anatel na Oi visa a retirada da concessão que permite a empresa oferecer telefonia fixa em todos os Estados do país, exceto São Paulo. O maior problema da Oi, na visão da Anatel de acordo com o jornal, é a queima de caixa, mesmo após a injeção de R$ 4 bilhões de seus acionistas.

De um caixa confortável de R$ 7,5 bilhões após a injeção de capital, considerado confortável por técnicos da agência reguladora, foram retirados R$ 3,2 bilhões para custear operações, pagar salários e realizar investimentos, um nível de gastos que projeta temores sobre a viabilidade da empresa de se manter nos próximos anos para Anatel.

Com o dinheiro cessando, a Anatel teme que a Oi não consiga bancar sua operação e provoque um apagão na telefonia fixa no país. A intervenção seria para evitar esse risco e uma eventual intervenção do governo federal, cuja operação não é bem-vista pela equipe econômica dado o quadro fiscal restritivo.

O plano da Oi

Executivos da Oi devem ser chamados em Brasília para falar sobre como planejam manter a empresa de pé, segundo o jornal. Ontem, os executivos abordaram os planos da companhia para os próximos em conferência com investidores.

A empresa visa aumentar os recursos disponíveis com venda de ativos. O diretor financeiro Carlos Brandão afirmou que espera anunciar a venda da operadora angolana Unitel até o quarto trimestre deste ano, embora não tenha fornecido detalhes sobre o valor que espera conseguir levantar ou com que grupos a empresa está negociando.

Incluindo a Unitel, o valor que a Oi pretende levantar com venda de ativos entre o final deste ano e o início de 2021 é de R$ 6,5 bilhões a R$ 7,5 bilhõe. Os ativos incluem ainda torres de telecomunicação, operações de central de processamento de dados e imóveis.

A Oi não se manifestou a respeito da possibilidade de intervenção pela Anatel, segundo O Estado de S.Paulo.

O que diz o BTG Pactual sobre o papel

O BTG Pactual (BPAC11) distribuiu relatório sobre a Oi a seus clientes nesta quinta-feira, ainda sem a especulação relacionada a possível intervenção pela Anatel. Com o resultado do segundo trimestre em mãos, os analistas não viram grandes surpresas no resultado da Oi, com as receitas e Ebtida seguindo pressionados.

Mesmo com os números ruins, o banco mantém a recomendação estratégica de compra de olho em uma eventual fusão ou aquisição. A equipe espera que o PLC 79, que traz um marco regulatório para o setor, avance no curto prazo. Além disso, a venda de ativos não essenciais da companhia, como a Unitel, deve favorecer os negócios.

A Oi chama atenção para o aumento do prejuízo. Os analistas explicam que houve deterioração nas três linhas de negócios da companhia, com destaque para a queda no segmento residencial, com redução anual de 12% na base de telefonia e de 8% em banda larga.

Em mobilidade pessoal e no B2B a piora decorre, principalmente, da redução da tarifa interconexão. A retração no tráfego de voz e o encolhimento da base de clientes pré-pago também pesaram neste trimestre, levando ao decréscimo de 22% no EBITDA de rotina, frente ao mesmo período de 2018. Soma-se a isso a maior despesa financeira e o prejuízo foi 32% maior em um ano, chegando a R$ 1,6 bilhão.

Anatel nega intervenção

A Anatel divulgou uma nota à imprensa para negar que exista “possibilidade iminente” de intervenção da Oi . A agência também afirmou que não vai aplicar a caducidade às concessões de telefonia fixa da companhia. Além disso, a Anatel destacou que monitora a prestação de serviços e à situação econômica-financeira da Oi permanentemente desde 2014 e, desde 2016, quando a empresa entrou com pedido de recuperação judicial, a observância passou a se dar também na 7ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro (RJ).

A Anatel defende uma solução de mercado para a situação atual da Oi. De acordo com a agência, “soluções de outra natureza são excepcionais e último recurso”.

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