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Ocyan busca plataformas maiores para cimentar retorno ao mercado

04 ago 2020, 14:58 - atualizado em 04 ago 2020, 14:58
Petróleo
A Ocyan mira contratos, potencialmente de centenas de milhões de dólares, para plataformas de águas profundas que atendem empresas como a Petrobras (Imagem: REUTERS/Nerijus Adomaitis)

A Ocyan planeja participar de licitações para plataformas de petróleo muito maiores do que as que têm hoje na costa do Brasil, o maior mercado mundial de unidades de produção flutuantes, disse à Reuters o presidente da companhia, Roberto Bischoff.

A Ocyan mira contratos, potencialmente de centenas de milhões de dólares, para plataformas de águas profundas que atendem empresas como a Petrobras (PETR4)

Produtores de petróleo no Brasil cortaram investimentos e adiaram decisões, disse o executivo, mas mantiveram ainda forte a expansão da atividade offshore enquanto petroleiras em outros países cancelam projetos.

A alta produtividade do pré-sal garante maior resiliência para projetos de longo prazo, apesar da queda do preço do petróleo no mercado mundial e da baixa de consumo durante a pandemia de coronavírus, segundo ele.

“Várias oportunidades estão se materializando”, disse Bischoff em uma entrevista por vídeo, citando como exemplo a abertura pela Petrobras de concorrências para os chamados FPSOs, as plataformas flutuantes em formato de navio capazes de produzir, armazenar e descarregar petróleo.

A Ocyan quer construir e operar – ou ambos – embarcações médias com capacidade para processar até 150.000 barris por dia (bpd), mais do que seus FPSOs nos campos de Baúna e Libra, este último com 50.000 barris por dia de capacidade, disse ele.

A empresa também quer crescer em serviços de manutenção para unidades em mar ou em operação de plataformas de terceiros, setor em que disputa uma concorrência da petroleira Enauta.

A aquisição de novos contratos pela Ocyan, que hoje tem na carteira cinco sondas de perfuração e dois FPSOs, consolidaria um retorno para a empresa, até 2018 chamada Odebrecht Óleo e Gás.

A companhia foi temporariamente bloqueada pela Petrobras após o escândalo da Lava Jato, que levou à prisão dezenas de políticos e empresários, incluindo a liderança da Odebrecht.

O Brasil passou quase toda a última década sem novos contratos para construir plataformas em território nacional, após a Petrobras estourar níveis de endividamento e, depois, a Lava Jato encontrar fraudes em obras no Brasil, inclusive para a construção de plataformas.

A investigação levou a estatal a interromper obras com empreiteiras brasileiras.

O Brasil passou quase toda a última década sem novos contratos para construir plataformas em território nacional, após a Petrobras estourar níveis de endividamento (Imagem: Arquivo/ Agência Brasil)

Endividada, a Petrobras também priorizou na última década empresas estrangeiras que poderiam alugar – afretar – unidades, de forma a diluir ao longo de anos gastos com plataformas que chegam a custar mais de 2 bilhões de dólares.

Algumas fornecedoras estrangeiras também foram enquadradas pela Lava Jato e suspensas pela Petrobras após denúncias de corrupção.

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Obras no Brasil

Hoje, a estatal busca ampliar o número de fornecedores, depois que o mercado mundial para grandes FPSOs se concentrou em basicamente em duas afretadoras, a SBM e a Modec.

Em 2019, a Ocyan, que é 100% controlada pela Odebrecht, ganhou seu primeiro contrato com a Petrobras, com uma sonda de perfuração, depois de liberada para novos contratos.

A retomada da construção de plataformas no Brasil é possível, disseram executivos da estatal durante uma conferência com analistas na semana passada. Mas o local das obras será decidido pelas empresas que vencerem os contratos.

Em 2019, a Ocyan, que é 100% controlada pela Odebrecht, ganhou seu primeiro contrato com a Petrobras (Imagem: LinkedIn do Odebrecht)

O número de possíveis clientes da Ocyan também tem crescido à medida que a Petrobras vende campos em declínio de produção para produtoras médias, disse o executivo.

“Poderíamos participar de mais de uma competição por vez, existem projetos de 36 meses, dependerá do que aparecer”, disse Bischoff.