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Ocean Winds ingressa no Brasil com 15 GW em projetos de eólicas offshore

14 jun 2022, 9:19 - atualizado em 14 jun 2022, 9:19
Energia Eólica
Dos 15 GW em projetos da OW que estão em processo de licenciamento ambiental, 12,2 GW se concentram nos Estados do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro (Imagem: REUTERS/David Gray)

A Ocean Winds, joint-venture da Engie (EGIE3) e EDP (ENBR3)dedicada à energia eólica offshore, lançou nesta terça-feira sua unidade no Brasil e já deu o pontapé inicial a projetos da fonte que somam 15 gigawatts (GW) de potência.

Com operações na Europa, Estados Unidos e Ásia, a OW enxerga no Brasil um mercado promissor para a tecnologia, mas avalia que há um longo caminho até que as primeiras turbinas offshore comecem a produzir, disse à Reuters o gerente de Desenvolvimento de Negócios da Ocean Winds para o Brasil, José Partida Solano.

A empresa está de olho no potencial offshore brasileiro desde 2020, afirmou Solano, citando como atrativos o perfil de ventos fortes próximos à costa e a possibilidade de instalação de parques offshore perto de importantes centros de consumo de energia, como as regiões Sudeste e Sul.

Dos 15 GW em projetos da OW que estão em processo de licenciamento ambiental, 12,2 GW se concentram nos Estados do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

O maior deles, Ventos do Sul, na costa gaúcha, terá 6,5 GW e será dividido em duas áreas fixadas no fundo do mar e uma flutuante.

Embora já tenha dado início aos empreendimentos, há uma série de passos para que eles possam sair do papel, destaca Solano. O governo ainda precisa definir, por exemplo, as regras para que as empresas possam explorar as áreas no mar.

“Se o Brasil conseguir ter uma regulação até o final do ano, conseguiríamos ter projetos em operação antes de 2030… Acho que esse seria um objetivo realista, pode ser antes, em 2027 ou 2028”, disse Solano.

Ele observou também que, embora a indústria eólica onshore já esteja consolidada no Brasil, a offshore demandará nova capacitação de mão de obra e reforços na cadeia de suprimentos, uma vez que os aerogeradores e fundações instalados no mar têm porte muito maior dos que ficam em terra.

O país tem ainda o desafio de definir a forma de contratação da energia gerada pela nova fonte. Segundo o executivo, serão necessários leilões voltados à contratação para o mercado regulado, como forma de estimular a indústria offshore no Brasil e até gerar preços mais baixos e mais competitivos.

No futuro, os projetos poderão vender energia no mercado livre, como já vem acontecendo em países onde a eólica offshore está mais madura, acrescentou.

“Os preços de energia offshore estão ficando mais competitivos, no Reino Unidos você consegue viabilizar um projeto sem participar de um leilão específico, no mercado livre… Acho que é uma tendência que vamos ver no mundo, ter eólicas offshore em mercados mais maduros sem precisar de leilões de energia.”

As usinas no mar ainda têm um Capex (despesa com investimento) elevado. Pelas estimativas da OW, no caso do Brasil, as eólicas offshore demandariam de 13 a 16 bilhões de reais em investimentos a cada gigawatt, pouco mais do que o dobro das eólicas em terra, disse Solano.

Segundo mapeamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Brasil tem um potencial de 700 GW para eólicas em alto mar. Caso haja uma redução de 20% no Capex dessa fonte, mais projetos podem se tornar viáveis, e a eólica offshore poderia chegar a 16 GW de capacidade até 2050, estima a EPE.

Junto à OW, outras grandes empresas estão se movimentando para deslanchar o mercado de offshore no país. Além de geradoras renováveis, petroleiras como Shell e Petrobras já têm projetos do gênero.

Na segunda-feira, a Corio Generation, empresa do Green Investment Group da australiana Macquarie, também anunciou planos para o segmento no Brasil.

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