O xisto pode mudar o mundo. Entenda o porquê
Os efeitos do crescimento da produção do gás de xisto – alternativa ao petróleo bastante exploradas nos Estados Unidos – não pode mais ser ignorado e pode mudar diametralmente o mercado global de petróleo. Essa é a visão do especialista em geopolítica Peter Zeihan, que falou ao Money Times sobre o “novo normal” que tem virado de cabeça para baixo o tradicional mercado do ouro negro.
Zeihan, que é autor dos livros “The Accidental Superpower” e “The Absent Superpower”, fez parte da equipe do Departamento de Estado americano e vice-presidente da consultoria Stratfor. Para ele, “o xisto é agora o novo normal para o óleo americano – e já é responsável por mais da metade de toda a produção de gás natural e óleo, uma proporção que irá crescer para 3/4 em três anos”.
Ou seja, a importância geopolítica dessa produção é crescente e não deve ser deixada de lado. “O xisto está moldando a geopolítica ao invés de geopolítica moldar o xisto”, ressalta. Isso, segundo ele, em um momento em que o custo de equilíbrio está abaixo dos U$ 40 e irá chegar a US$ 25 em dois anos.
Produção simples
Além do custo em queda, o xisto é muito mais fácil de ser extraído. A velocidade para colocar um poço em produção é quase incomparável com o petróleo.
“Um poço bastante complexo de xisto pode ser desenvolvido em menos de dois meses, isso não é apenas (muito) menos do que os vários anos para trazer um poço na Bacia de Santos para produção, mas é de fato menos tempo menos tempo do que leva para os sauditas colocarem em produção um poço já bem desenvolvido que eles mantêm como parte de sua capacidade disponível”, destaca Zeihan.
Impacto geopolítico
Fácil de ser extraído, o xisto ganha muito mais importância quando vemos quem o está explorando: os Estados Unidos. Não é preciso nem dizer o quanto a sede por petróleo do país mudou o mundo nas últimas décadas e, por isso mesmo, é de se esperar que o xisto feito em casa também tenha repercussões inéditas na geopolítica.
“Enquanto os mercados de petróleo estiverem globalizados, tudo no mercado leva em conta o xisto dos EUA e isso levanta a questão: por quanto tempo os mercados petrolíferos continuarão globalizados se os EUA não se preocuparem mais com a estabilidade global do petróleo?”, questiona Zeihan.
Podemos estar mais perto desse momento do que pensamos.