O Twitter não morreu, ele evoluiu; a verdade sobre o X
Nos últimos meses, fomos bombardeados por mais informações a respeito do Twitter do que necessariamente vindas do Twitter como estávamos acostumados. A última notícia foi a “morte” do passarinho azul e a vinda da marca X.
Sua venda foi conturbada. A forma de condução e exposição de Elon Musk a respeito de como a rede deveria andar trouxe muitas críticas. Entre erros e acertos, ela continuou.
Foi evidenciado que algoritmos do Twitter faziam acepção de informações e não funcionavam da forma democrática como era colocado, com o próprio Musk mostrando o que ocorria. Recebemos a opção, enquanto usuários, de podermos fazer a checagem de toda e qualquer postagem de qualquer usuário -, e assim, não estando mais amarrados a agências de checagem que podem ter um viés ou não.
Muito se falou e nos últimos dias o mundo foi pego de surpresa com a mudança de nome da rede para X. Salvo piadas nacionais comparando Elon Musk com Eike Batista e sua fissura por X em todas as empresas, como a SpaceX e agora o Twitter, Elon Musk mostrou um plano que ele vem traçando há décadas e que finalmente pode sair do papel.
Se engana quem pensa que ele não sabe o que está fazendo e acha que isso foi a morte da rede social. Musk, ao comprar o Twitter, adquiriu não uma rede social, mas uma carteira de clientes que ele até então não possuía. Seus produtos, obviamente, não abrangiam o mundo como uma rede social abrange e não tinham o mesmo alcance.
Mas por que ele quer isso?
Para entender melhor a ideia de Musk, precisamos analisar de forma simples o hábito de consumo pessoal de cada um de nós a respeito de compras, entretenimento, trabalho etc. Quantos aplicativos você tem no seu telefone para, por vezes, fazer a mesma coisa? Vários streamings, várias redes sociais, aplicativos financeiros como seu banco, serviços de pagamento de outras plataformas, notícias, jogos e por aí vai. Em alguns casos, é ainda pior: para ter um serviço, você precisa conviver com várias propagandas ou pagar um preço para conseguir apenas uma função que necessita uma vez.
E se tudo pudesse ser concentrado num local só sem propaganda, sem custo e podendo até ganhar por isso?
Isso seria algo sensacional e é a proposta de Elon Musk para o X. Mais que uma rede social, o X mostra a estrutura do que será uma possível próxima revolução online. Nessa estrutura, você terá tudo num local só e poderá assistir vídeos, comentar, compartilhar, postar algo, fazer reuniões de trabalho enquanto consome notícias e muito mais sem sair da página. Sendo assim, o Twitter se tornará uma parte do X como rede social, mas fazendo parte de um ecossistema de serviços.
Mas como não ter propaganda? Simples. Elon Musk já liberou estrutura para que vídeos de longa duração fossem postados e anunciou o pagamento para criadores de conteúdos em moldes muito semelhantes ao que o Google usa para o YouTube.
Quando você assistir a um vídeo no X a respeito de uma tecnologia ou produto, você não terá um link para outra loja. Você comprará o mesmo dentro do marketplace do próprio X. Ele ganhará ao vender o produto para o usuário de forma mais rápida, mais confortável e por preços melhores por não precisar da intermediação de terceiros, aumentando assim o valor do produto e não necessitando da propaganda de patrocinadores, porque você já estará na plataforma.
Outro ponto interessante é a estrutura financeira. Para quem não sabe, Elon Musk é um dos criadores do PayPal e, diferente da Meta, que tentou instituir isso em aplicativos como o WhatsApp, Musk tem o know-how de como fazer.
Logo, ele centraliza conteúdo, redes sociais, loja e meios de pagamento. A estrutura que Musk busca criar engloba o usuário de uma forma 24/7.
Esse modelo pode ser sustentado?
Não só pode como já existe, e por muito tempo. É febre na Ásia. Ele é uma novidade no Ocidente e Musk é o primeiro a tentar colocar o mesmo modelo de Super App por aqui.
O caso mais famoso é o Wechat. O Super App chinês já faz tudo isso que Musk visa construir com o X e conta com o acesso diário de 1,1 bilhão de pessoas. Na China, ele já é o meio de pagamento mais utilizado.
No caso do WeChat, você também já tem serviços de contratação de motorista, como o modelo do Uber e solicitação de alimentação – por exemplo, o IFood.
Isso na China. Porém, atualmente, as regiões mais desenvolvidas da Ásia já possuem seus Super Apps. Alguns exemplos são:
- Grab (Sudeste asiático)
- Gojek (Indonésia)
- KakaoTalk (Coréia do Sul)
- Line (Japão)
Se você ainda tem dúvidas, leia a declaração do próprio Musk:
“O Twitter foi adquirido pela X Corp para garantir a liberdade de expressão e como um acelerador do X, o aplicativo de tudo. Esta não é simplesmente uma empresa renomeando a si mesma, mas fazendo a mesma coisa.”
Como um visionário e homem além de seu tempo, Elon Musk não decidiu o que foi feito nos últimos dias da noite para o dia e, com toda a certeza, seu plano de tempos de PayPal. Logo mais, o ocidente receberá seu primeiro Super app.
O que parece ser um passo para trás do “morto” Twitter é, na verdade, um salto sem precedentes dentro da estrutura atual de modelo de negócios online no ocidente. Já existem casos de sucesso no mundo.
Ainda iremos ouvir falar muito do X. Com toda a certeza, muito em breve, veremos os próximos capítulos dessa nova história que veio para ficar, mas só não sabemos ainda.