O trunfo e o problema no agronegócio do Brasil, segundo Michel Temer
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O ex-presidente do Brasil, Michel Temer, que atuou como líder do executivo entre 2016 e 2018, esteve presente na abertura do Seminário Agronegócio, realizado pelo LIDE, e que debateu a importância e avanços dos biocombustíveis no Brasil.
Durante sua participação, Temer destacou seu decreto que regulamentou o Renovabio e a relevância da produção de biocombustíveis a partir de cana-de-açúcar, milho e outros produtos agrícolas que enriquecem o país, sustenta o Produto Interno Bruto (PIB) nacional e o seu papel na preservação ambiental.
Ele cita um comentário do ex-presidente do banco do BRICS, Marcos Troyjo, para ressaltar o potencial do Brasil. Segundo Troyjo, o mundo daqui terá mais 2 bilhões de habitantes de 40 a 50 anos, que dentre os 193 países do globo, surgirão em 9 ou 10 países.
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“A China e a Índia, contam com quase 1,5 bilhão de habitantes cada, enfrentam uma escassez de água. Até se conta que se o indiano tomar mais 2 copos d’água, vai faltar água na Índia. E qual o país com mais aquíferos no mundo e terras agricultáveis no mundo? O Brasil. Então quando se fala em futuro, temos a possibilidade de alimentar no mundo, e particularmente, essas 2 bilhões de pessoas. Somos o país do futuro”, disse.
O problema do agronegócio
Entre os contratempos do Brasil, Temer cita a ideologização de temas como o meio ambiente e indígenas, que segundo ele, devem ser tratados com base na Constituição Federal, sem polarizações políticas.
“O meio ambiente e a defesa dos indígenas passou, eu tenho horror aos rótulos, a ser uma questão de esquerda. Enquanto a direita é vista como contrária a essas pautas. Com frequência, eu vejo empresários e agricultores serem criticados por essas questões. O que menos se faz no Brasil é cumprir a constituição”.
Quanto ao tema dos indígenas, Temer cita dois dispositivos constitucionais: um transitório, que determina a demarcação de terras existentes até a promulgação da Constituição, e o artigo 231, que permite identificar novas terras indígenas ao longo do tempo.
“Se forem identificadas novas terras, o governo precisa realizar a indenização e ponto final. O meio-ambiente é obrigação dos estados, Distrito Federal, municípios e da União. Todos precisam trabalhar juntos”.
Michel Temer reforça que durante o tempo que atuou como presidente não houve conflitos entre agricultores e ambientalistas, pois as divergências eram resolvidas por meio do diálogo direto.
“Eu reunia na minha sala o Ezequiel Sarney, que era o ministro do Meio Ambiente, e o Blairo Maggi, ministro da Agricultura. Naturalmente havia conflitos, mas eles eram solucionados na conversa. Essa ideologização dos temas no Brasil é o que prejudica o bom entendimento nacional. O que nos leva a essa radicalização de que não conseguimos sair”.