Economia

O segredo do Brasil para ter a 4ª menor inflação entre países do G20

18 out 2022, 13:25 - atualizado em 18 out 2022, 13:25
Selic
A soma de alta dos juros com medidas do governo para controle dos preços ajudou o país a reduzir rápido a inflação. (Imagem: Shutterstock/rafastockbr)

A inflação alta é uma realidade na maioria dos países. No entanto, o Brasil mostrou para o mundo que sabe lidar com a alta de preços. De acordo com um levantamento da classificadora de risco Austin Rating, o Brasil está entre as menores inflações dos países do G20.

No acumulado entre janeiro e setembro de 2022, o Brasil registrou uma taxa de inflação de 4,1% – o que garantiu ao país a quarta posição no ranking, ficando atrás apenas da China (1,9%), Arábia Saudita (2,7%) e Japão (2,8%).

Comparado com o ranking de agosto, o país melhorou de posição, saindo do sexto lugar e deixando para trás a Coreia do Sul e a Indonésia. Na época, as taxas de inflação eram de 4,4%, 4,4% e 3,6%, respectivamente.

Na outra ponta da tabela estão a Argentina, com uma inflação acumulada de 66,1% e a Venezuela, que registra uma alta nos preços de 60,4% no ano.

Receita do gato escaldado

Quem olha esses números hoje, talvez esqueça que em dezembro do ano passado, a inflação brasileira estava na casa dos dois dígitos: acumulando alta de 10,06%. O segredo para reverter a situação foi o trauma do passado.

Os brasileiros já enfrentaram a inflação em diversos momentos da história, sendo que o final dos anos 80 foi um dos mais críticos, com a taxa chegando a 3.000%. Para evitar um descontrole, o Banco Central optou por agir rápido.

Em março de 2021, a autoridade monetária passou a elevar a Selic. Na época, ela estava em seu patamar mínimo de 2% ao ano; um ano e meio depois, a taxa básica de juros está em 13,75% e deve permanecer assim por um bom tempo.

Outro fator que ajudou a reduzir a inflação foi a redução de impostos para combustíveis e energia elétrica promovida pelo governo, além dos reajustes de preços anunciados pela Petrobras (PETR3; PETR4).

Com isso, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu três vezes, garantindo uma queda de 1,33% entre julho e setembro. A deflação foi puxada justamente pelo grupo de Transportes, que já recuou 9,86% no período.

Apesar de as medidas estarem fazendo efeito, o Banco Central ainda está em alerta com a inflação. Isso porque o governo ampliou o valor do Auxílio Brasil e vale-gás, além de oferecer um voucher de R$ 1.000 para caminhoneiros e taxistas. Esse dinheiro extra tende a aumentar o consumo das famílias e pressionar a inflação.

Além disso, o resto do mundo segue em busca da melhor maneira de controlar o aumento de preços e o Brasil acaba sendo afetado com a alta nos produtos importados e também com a alta de juros em países como os Estados Unidos, que pressiona o câmbio – isso tudo interfere, mesmo que indiretamente, na inflação brasileira.

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