O ruído de Guedes
A estratégia do ministro Paulo Guedes de usar a taxação de dividendos prevista na reforma tributária para financiar o novo Bolsa Família desagradou ao ministro da Cidadania, João Roma.
Ao amarrar a reforma ao programa social, Guedes força o caminho para aprovar as mudanças que quer implementar no Imposto de Renda, mas corre o risco de atrasar uma agenda que é vitrine para o presidente Jair Bolsonaro na corrida pela reeleição.
O novo Bolsa precisa estar pronto para funcionar a partir de novembro, quando está previsto o fim do pagamento do auxílio emergencial.
Ele também precisar estar previsto no Orçamento de 2022, que o governo tem que encaminhar ao Legislativo até o final de agosto. Ao colocar a reforma no meio do caminho, Guedes cria um ruído que pode atrasar todo o plano.
Entraves no Senado
O clima não está nada favorável para o andamento da agenda econômica no Senado. Há uma insatisfação generalizada com o tratamento dado por Bolsonaro à casa.
Os problemas vão desde a falta de protagonismo do Senado nas escolhas de nomes para comandar agências reguladoras até a baixa representatividade no gabinete ministerial.
Isso sem falar no mal-estar crescente das denúncias apresentadas na CPI da Covid citando o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).
Bolsonaro já ouviu de aliados que precisa fazer gestos ao Senado, incluindo uma possível reforma ministerial, se quiser melhorar o clima e aprovar temas de interesse do governo no Congresso até o final do ano.
Governadores vêm aí
O forte crescimento da arrecadação em 2021 está melhorando o cenário fiscal não apenas para o governo federal, mas também para os estados.
Com isso, governadores já contam com uma revisão para cima de suas notas de classificação de crédito pelo Tesouro Nacional.
Apenas 11 dos 27 estados tem nota de capacidade de pagamento A ou B, que permite receber garantia da União para novos empréstimos. Agora, todos querem ao menos um B.
Pimenta nos olhos dos outros…
O secretário especial de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Roberto Fendt, e o secretário especial de Produtividade e Emprego, Carlos da Costa, entraram num debate acalorado sobre alíquotas de importação durante reunião do Ministério. Guedes encerrou o assunto usando o ditado popular de que pimenta nos olhos dos outros é refresco. Disse que uma vez que um sabia tão bem o que o outro deveria fazer, trocaria os dois de lugar. O assunto então se resolveu.