Conta cripto de altos rendimentos da Ziglu terá adesão no Reino Unido?
A última vez em que uma empresa londrina chamou a atenção, ao apresentar uma conta cripto de alto rendimento, não durou muito.
Em 2020, a startup cripto Zeux espalhou propagandas por todo o metrô de Londres, sugerindo que poupadores que estavam “perdendo juros” em sua conta bancária poderiam começar a ganhar 5% se abrissem uma conta na Zeux.
Porém, a Autoridade de Conduta Financeira (FCA, na sigla em inglês), reguladora britânica, interveio e as propagandas sumiram rapidamente.
Agora, existe uma nova conta cripto de altos rendimentos no pedaço.
Em 8 de abril, a startup de carteira e cartão cripto Ziglu apresentou seu produto Bitcoin Boost, prometendo taxas percentuais e anuais de 5% para depósitos em bitcoin (BTC).
Segundo relatos, Zeux gerava rendimento ao converter libras esterlinas em criptomoedas e enviando-as ao WeCash em Pequim — novamente convertidas em fiduciárias e emprestadas a mutuários.
Com a conta Boost da Ziglu, clientes depositam bitcoin em vez de fiduciárias.
Segundo um comunicado de imprensa, usuários podem esperar que juros sobre o valor desse bitcoin seja calculado “a cada segundo” e que os juros serão acrescentados a seu saldo toda semana. Clientes podem comprar e vender bitcoin na conta instantaneamente, sem penalidades, segundo a Ziglu.
Para entender se uma taxa de juros — seja de 5% ou 20% — é justa, investidores devem entender qual nível de risco estão aceitando. Isso vale para empréstimos cripto assim como para plataformas tradicionais de ponto a ponto.
Como a empresa irá oferecer 5% de juros que gerem rendimentos o suficiente para apresentar essa taxa (enquanto, pensemos, gere um rendimento para si)? Quais proteções o investidor tem se algo der errado?
Mark Hipperson, fundador e CEO da empresa, contou ao The Block que Ziglu tem parceria com “grandes plataformas de empréstimos de criptomoedas” que emprestam o bitcoin depositado por usuários da Boost.
“Isso gera um retorno que, em seguida, é repassado a nossos clientes. Todos os nossos parceiros e seus mutuários estão sujeitos a auditoria rigorosa”, acrescentou ele.
O empréstimo com bitcoin se tornou cada vez mais popular nos últimos anos. BlockFi, a startup nova-iorquina e pioneira no empréstimo cripto, recentemente arrecadou US$ 350 milhões a uma avaliação de US$ 3 bilhões.
Porém, BlockFi é uma proposta diferente para clientes do varejo, pois a empresa empresta criptomoedas diretamente a instituições — como Fidelity, Susquehanna e Akuna Capital —, que as usam em oportunidades de arbitragem.
Ziglu não divulgou seus parceiros de empréstimo por “questões comerciais”, afirmou um porta-voz da startup ao The Block.
Quando perguntada por que clientes não simplesmente vão diretamente a essas plataformas de empréstimo não mencionadas, o porta-voz disse que as plataformas são “B2B [de empresa a empresa], ou seja, o cliente não teria acesso a elas sendo um investidor individual”.
Em termos de regulação, os clientes da Ziglu têm mais esclarecimento.
Ziglu é uma dentre apenas três empresas registradas com a FCA. Para serem registradas, empresas devem cumprir com regras antilavagem de dinheiro e antifinanciamento ao terrorismo, que entraram em vigor em janeiro de 2020.
Apenas empresas dessa lista poderão operar no Reino Unido até 9 de julho (o prazo limite original era 10 de janeiro, mas foi adiada no fim do ano passado após a reguladora ter recebido muitas solicitações).
A startup também tem permissão da FCA para emitir dinheiro eletrônico (“e-money”) e fornecer serviços de pagamento.
Ziglu foi lançada em junho de 2020 e arrecadou £ 11,4 milhões, principalmente de investidores privados e por meio da plataforma de financiamento privado Seedrs.