Mercados

O recado do Irã que faz os mercados de petróleo ficarem “arrepiados”

13 out 2023, 16:04 - atualizado em 13 out 2023, 16:14
Guerra Israel-Hamas-min Petróleo Hezbollah
Petróleo tem sessão de fortes ganhos, após Irã prometer guerra regional (Imagem: REUTERS/Ahmed Saad)

No início da semana, analistas do mercado de petróleo minimizavam um impacto duradouro do conflito entre Israel e Hamas na cotação da commodity.

Isso por que não havia sinais de disrupções no fornecimento global da commodity, com o conflito se desenvolvendo ao longo de linhas já conhecidas e sem a participação direta de outros agentes externos.

Tanto que, após uma disparada reativa de 4% na segunda-feira (9), uma longa correção se seguiu, recolocando o Brent de volta aos US$ 86.

Uma condição validava esta tese: o Irã, inimigo declarado de Israel, continuar de fora do conflito. Esse cenário pode estar mudando rapidamente, à medida que Teerã transmite os primeiros sinais de que pode entrar ativamente na guerra.

Os mercados de petróleo reagem fortemente ao risco de escalada do conflito e restrições severas de oferta, com ambas referências subindo mais que 5% nesta tarde.

O Brent, utilizado pela Petrobras para sua política de prelos, volta a operar acima dos US$ 90; já o WTI, referência americana, sobe além dos US$ 87.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Declarações adicionam ruído

Em comentários feitos na última quinta-feira (12), o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir Abdollahian, advertiu os Estados Unidos, dizendo que os americanos deveriam “controlar Israel”, caso queiram evitar uma guerra regional.

O chanceler ianiano faz um giro por países inimigos de Benjamin Netanyahu, buscando a formação de um bloco de cooperação contra Israel. Depois de Iraque e Líbano, Hossein Amir Abdollahian deve ir para Damasco, onde se encontrará com o presidente sírio Bashar al-Assad.

Nesta sexta-feira, o subsecretário-geral do Hezbollah, Naim Qassem inflamou ainda mais a situação, ao dizer que o grupo xiita, apoiado diretamente pelo Irã e situado na fronteira norte de Israel, está de prontidão para se aliar ao Hamas no conflito. 

Enquanto isso, o conflito em Gaza ruma para uma fase mais crítica. Às 18h (de Brasília) termina o prazo dado pelo governo de Israel para que residentes do norte da Faixa de Gaza evacuem a região, sugerindo a possibilidade de uma incursão terrestre.

  • A empresa queridinha da Empiricus: Analista revela qual é a ação da melhor companhia do Brasil. Saiba mais no Giro do Mercado desta sexta-feira (13), clique aqui e descubra.

Entenda consequências de participação de Irã no conflito para o mercado de petróleo

Caso ocorra, a entrada do Irã e a consequente escalada regional do conflito poderá facilmente elevar o preço do barril para além dos US$ 100.

O país tem controle sobre o Estreito de Ormuz, por onde se escoa 88% de toda a produção do Golfo Pérsico. Além do Irã, Omã e a Arábia Saudita, principal exportador de petróleo do mundo, usam a rota para suprir os mercados do Ocidente e da Ásia.

Segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura e Energia (CBIE), o fechamento do estreito, como parte da retaliação iraniana ao combate, poderia colocar o Brent acima do US$ 110. 

Em um outro cenário lembrado por analistas, Israel poderia mirar as instalações de enriquecimento nuclear do Irã; além disso, os Estados Unidos poderiam impor sanções mais severas para a exportação do país, revertendo os acenos feitos ao regime islâmico nos últimos meses.