O que US$ 5 bilhões em ofertas de ações na Europa dizem sobre rali
Com índices de bolsas europeias no nível mais alto em quase três meses, mais empresas e grandes acionistas decidem que agora é hora de vender.
Foram anunciados quase US$ 5 bilhões em ofertas de ações após o fechamento das negociações na terça-feira.
Grandes acionistas aproveitam a recuperação dos índices para se desfazerem de participações e empresas e, assim, levantar recursos para reforçar o caixa em meio à crise de coronavírus.
As vendas despertam a preocupação de que a recuperação inicial dos mercados possa estar perto do pico.
A fabricante de materiais de construção Cie. De Saint-Gobain vendeu sua participação na Sika por 2,6 bilhões de francos suíços (US$ 2,7 bilhões) na maior oferta de ações da Europa deste ano, respondendo por mais da metade da bonança da noite passada.
A fabricante de semicondutores Infineon Technologies levantou mais de 1 bilhão de euros (US$ 1,1 bilhão) em capital novo; o principal acionista da empresa de pagamentos italiana Nexi vendeu 781 milhões de euros em ações; e uma fundação alemã reduziu sua participação na fabricante suíça de trens Stadler Rail em 210 milhões de francos.
“Dada a recente recuperação, os valuations locais parecem altos e, portanto, começamos a ver realização de lucros seletiva por parte de investidores”, disse Marcus Morris-Eyton, gestor da Allianz Global Investors.
Como a maioria das empresas ainda tem visibilidade mínima sobre a forma de recuperação dos ganhos e, portanto, de suas necessidades de queima de caixa e liquidez, muitas têm usado prudentemente esse rali para reforçar os balanços, disse.
O índice Stoxx Europe 600 se valorizou 26% em relação à mínima em meados de março. O índice de referência subiu por três dias seguidos nesta semana com o otimismo sobre a reabertura das economias e controle do surto de coronavírus.
Pesquisa da Bloomberg News com estrategistas na semana passada mostrou que muitos não acreditam que há muito espaço para mais ganhos: a resposta média prevê que o Stoxx 600 terminará o ano em 361 pontos, apenas 3,5% acima do fechamento de terça-feira.
Mais por vir
Enquanto isso, emissores e vendedores aproveitam o clima dinâmico. Mais de US$ 15 bilhões foram levantados nas bolsas europeias apenas neste mês por 84 empresas por meio de novas ofertas e venda de ações, segundo dados compilados pela Bloomberg, marcando o mês mais movimentado para os mercados de capitais em renda variável neste ano.
É improvável que o ritmo se desacelere no curto prazo, mesmo que o rali perca fôlego, dizem alguns banqueiros, porque mais empresas precisarão levantar recursos para sustentar balanços afetados durante a crise econômica ou para aumentar o poder de competição após as medidas de isolamento.