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O que são plataformas de contratos autônomos? Entenda sua evolução em 2020

19 set 2020, 11:00 - atualizado em 15 set 2020, 15:15
Plataformas de contratos autônomos evoluíram em 2020. O ecossistema DeFi da Ethereum está evoluindo, Tezos firmou acordos sobre seus problemas legais, Binance Chain possui diversos projetos migrados para sua plataforma ou que serão lançados e Tron anunciou diversas novas parcerias (Imagem: Freepik)

Em meio à “bull run” de cripto em 2020, as principais plataformas de contratos autônomos (ou “smart contracts”) continuam a evoluir.

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Ethereum em 2020

A Ethereum Foundation continua a atualizar o blockchain Ethereum (ETH) com um olho na futura atualização Ethereum 2.0.

Este ano, a Ethereum lidou com um grande aumento na demanda por transações, o que resultou no congestionamento da rede e no aumento nas taxas e no tempo de espera.

Taxas medianas e médias de transação atingiram altas recordes este ano e a demanda por espaço nos blocos da Ethereum continua a aumentar.

Isso aumentou a pressão para que desenvolvedores apresentem soluções temporárias de escalabilidade em segunda camada para pôr mais foco na futura transição do consenso proof-of-work (PoW) para proof-of-stake (PoS) como parte da transição à ETH 2.0.

Existe um algoritmo de consenso perfeito
para blockchains?

Escalabilidade é a capacidade de um sistema ou rede se ampliar e fazer a gestão da crescente demanda. Primeira camada é o termo usado para descrever a arquitetura principal e subjacente do blockchain.

Segunda camada é uma estrutura secundária ou um protocolo secundário criados acima de um sistema blockchain existente, em que o objetivo principal é aumentar a velocidade de transações e resolver as dificuldades de escalabilidade enfrentadas por grandes redes cripto.

Em 2019, Ethereum implementou duas grandes atualizações: Constantinople e Istanbul. A melhoria de rede Istanbul foi acrescentada ao blockchain Ethereum em dezembro de 2019.

Após essas atualizações importantes, membros da comunidade foram pegos de surpresa quando, dois dias antes do Natal, a Ethereum Foundation anunciou outra atualização para 1º de janeiro de 2020.

Muir Glacier é o termo dado à atualização da rede. Atualizações anteriores foram chamadas de Spurious Dragon, Constantinople e Istanbul (Imagem: Money Times)

Desenvolvedores afirmaram que a atualização Muir Glacier foi criada para atrasar a “bomba de dificuldade” — termo usado para indicar o nível crescente de dificuldade de mineração que resulta em um tempo maior exigido para a mineração de um bloco — incluída no software da rede.

Separada do algoritmo de dificuldade, a bomba de dificuldade foi criada para gradualmente alterar a dificuldade de mineração em intervalos específicos até seu efeito ser grande o suficiente para ser sentido por mineradores.

A atualização Muir Glacier atrasa a bomba de dificuldade, o que pode afetar negativamente a implementação de futuras atualizações antes do lançamento da Ethereum 2.0.

Medalla, a rede oficial, pública e final de testes da Ethereum 2.0, foi lançada no início de agosto. Diferente de muitas outras redes de testes da ETH 2.0 anteriores, Medalla é descentralizada e usa validadores de rede que não são centralmente coordenados pelas equipes de desenvolvimento.

Segundo dados do explorador de bloco Beacon Chain, a rede possui mais de 51 mil validadores ativos e 1,6 milhões de tokens ETH da rede de testes ligados a si.

Blocos continuam a ser adiados conforme o planejado e continuam a operar de forma estável após um contratempo em meados de agosto.

Um objetivo da Medalla é observar como um Beacon Chain PoS pode operar nas mãos da comunidade Ethereum, enquanto as redes de testes anteriores focavam principalmente em desenvolvedores.

O Beacon Chain é um novo blockchain no núcleo da Ethereum 2.0 que irá assegurar os blockchains de repartição (“shard”) da rede. Essencial para a estratégia de escalabilidade da ETH 2.0, possui os dados mais atualizados.

As taxas recentes de participação, em 75%, estão bem acima do alvo de 66%, e “stakers” ganharam recompensas baseadas em proof-of-stake por sua participação, em que cada um faz o “staking” (investe) pelo menos 32 ETH.

Medalla criou uma antecipação para recompensas por staking em ETH e, futuramente, uma solução de camada-base para a congestão e as altas taxas de transação da plataforma.

Em 2020, a Ethereum continuou a focar em obter maiores taxas de processamento, latência e velocidade enquanto prioriza a descentralização. Ethereum solidificou sua liderança no mercado de finanças descentralizadas (DeFi), uma posição que surgiu em 2019.

Soluções de corretoras descentralizadas também estão passando por ressurgimento e atingiram altos volumes recordes de negociação em setembro deste ano.

Dados sugerem que 3% de todos os ethers em circulação estão investidos em aplicações relacionadas ao setor DeFi, como Aave, Curve e Synthetix, o que totaliza um valor total bloqueado (TVL) de US$ 9 bilhões.

Valor total bloqueado (TVL) em DeFi – dados obtidos no dia 15 de setembro de 2020 (Imagem: DeFi Pulse)

EOS em 2020

2019 foi um ano desafiador para EOS, criado pela Block.One.

A Block.One finalizou a oferta inicial de moeda (ICO) mais longa do mundo em junho de 2018 e EOS foi considerada, por muitos, como a “Ethereum Killer” — termo dado para um novo blockchain que se tornará indispensável e superior à Ethereum, aniquilando-a.

Porém, em 2019, a EOS passou por grandes desafios, variando de questões jurídicas a disputas internas e polarizadas.

Em 2019, Block.One entrou em um acordo com a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) em relação às acusações de ter realizado uma venda não registrada de valores mobiliários.

Além disso, o sistema de governança da EOS foi altamente criticado, com relatos surgindo de que seu proof-of-stake delegado (DPoS) era ineficaz e, em vez disso, favorecia fraude e desigualdade democrática.

A plataforma EOS (EOS), criada pela Block.One, é uma rede global e computacional desenvolvida para hospedar aplicações descentralizadas (dapps) e corporações autônomas descentralizadas (DACs) (Imagem: Facebook/Block.one)

Por exemplo, em 2019, um produtor de blocos chamado games.eos falhou em criar uma lista de má reputação, facilitando o roubo de 2,09 milhões de EOS ou cerca de US$ 7,25 milhões.

Talvez, como resultado, em 2020, o grupo Block.One teve um papel bem mais ativo na governança da EOS. Seu staking de tokens EOS, cerca de 10% do fornecimento total, anteriormente inutilizados, agora serão usados para votar em produtores de blocos.

O grupo sugere que irá votar para produtores de bloco em uma base rotacional e recebedores dos votos na Block.One irão “aderir aos padrões” que o grupo desejar que seja aplicado à rede.

Atualmente, Yup é a maior aplicação descentralizada (dapp) na plataforma EOS, a maior dapp social entre todas as plataformas sociais segundo o site DappRadar e possui mais usuários do que dapps de redes sociais bem-conhecidas como Hive e Steemit.

Foi desenvolvida por estudantes da Universidade de Columbia e recompensa usuários com o token nativo YupX pela classificação de conteúdos sociais na internet de sites como Twitter, Reddit e YouTube.

Criadores do Yup sugerem ter escolhido EOS porque permite que desenvolvedores de dapps possam gerenciar custos de transação por sua parte, ou seja, usuários não precisam lidar com taxas de gás na Ethereum ou extensões como MetaMask, abrindo as portas para uma adesão mais simples.

Tezos (XTZ) é uma rede descentralizada de contratos autônomos e aplicações, com uma camada de governança no blockchain criada para permitir que haja atualizações eficientes da rede e fornecer uma comunidade transparente para acionistas (Imagem: Medium/Tezos Commons)

Tezos em 2020

2019 foi um ano bem-sucedido para Tezos em relação à atividade de preço e adesão. Inúmeras plataformas principais de criptoativos adotaram a criptomoeda nativa da Tezos (XTZ) como seu ativo de staking.

Coinbase, Ledger e Kraken fornecem suporte ao staking de XTZ. Após os anúncios, passaram por um aumento em novos cadastros em suas plataformas.

Em janeiro deste ano, a Tezos Foundation anunciou uma rodada de 21 bonificações para novos projetos para o ecossistema Tezos que irão utilizar contratos autônomos com XTZ.

Em abril, a Tezos Foundation se mobilizou para firmar um processo judicial que prejudicava o projeto há anos.

O acordo foi finalizado por um tribunal americano no dia 28 de agosto e US$ 25 milhões foram pagos para participantes da ICO original de 2017 da Tezos, que alegava que a ICO era uma venda não registrada de valores mobiliários.

A plataforma tem um baixíssimo desenvolvimento em comparação a outros ecossistemas de contratos autônomos. Isso provavelmente será um foco essencial para o blockchain conforme mais dapps resultam em mais usabilidade real que, por sua vez, afeta o preço de seu token e o futuro sucesso da plataforma.

Porém, até hoje, mais de 80% do fornecimento em circulação de XTZ está em staking — que indica que não há muito o que fazer com Tezos nesse momento — até projetos de dapps como aqueles financiados pelas bonificações da Tezos Foundation encontrarem uma base de usuários.

A Tezos Fundation, sediada na Suíça, foi criada em abril de 2017, com o objetivo de fornecer suporte para XTZ, tecnologias relacionadas e a comunidade (Imagem: Crypto Times)

No segundo semestre de 2020, uma contraparte para dispositivos móveis da popular carteira Galleon foi lançada junto com inúmeras atualizações à versão para desktop.

Conseil é um indexador de inúmeros blockchains a nível industrial, com foco em Tezos, acrescentou suporte para o blockchain Bitcoin, aumentando as capacidades entre os blockchains.

No início de julho, a startup cripto Bolt Labs anunciou que está trabalhando para levar protocolos zk-Channels ao blockchain Tezos.

Zk-Channels são um protocolo anônimo agnóstico a blockchains que permite transferência de valor rápida e privada entre clientes e comerciantes em um blockchain. Zk-Channels devem ser implementados na Tezos por meio de uma proposta de alteração no próximo ano.

Binance Chain em 2020

Em fevereiro de 2020, Binance anunciou planos para Binance Chain, uma plataforma baseada em blockchain onde seria possível emitir, usar e negociar criptoativos de forma descentralizada. Por meio do Binance Chain, a plataforma também lançou Binance DEX, uma corretora descentralizada.

Binance Smart Chain apoiará o desenvolvimento de aplicações DeFi (Imagem: Twitter/Binance DEX)

Seu ecossistema agora é dividido e utiliza um ecossistema de arquitetura dupla, com o Binance Smart Chain (BSC) recém-lançado pela Binance complementando o blockchain existente.

BSC permite que usuários criem dapps e criptoativos que possam facilmente obter vantagem das ferramentas criadas para corretoras descentralizadas no Binance Chain.

O BSC foi lançado em 31 de agosto e usa um modelo de consenso proof-of-stake-authority (PoSA) em que a rede é gerenciada por 21 validadores.

BSC foi criado para ser compatível com a Ethereum, e Changpeng Zhao, CEO da Binance, convidou projetos do crescente setor DeFi a migrarem da Ethereum para o BSC para obterem menores taxas de gás.

Projetos como Cream, originalmente criados para o blockchain Ethereum, foram lançados recentemente no BSC.

Em julho, a atualização Nightingale foi implementada ao blockchain por meio de uma bifurcação drástica (“hard fork”). Apresentou um novo padrão leve de tokens BEP-8 para acomodar menores projetos com economias limitadas de tokens.

Também alterou o período de expiração de ofertas na Binance DEX. Ofertas que contribuem para a liquidez da DEX irão se beneficiar de um período maior de expiração, agora estendida de três dias para 30 dias.

TRON é uma plataforma blockchain que usa tecnologia de contratos autônomos (ou “smart contracts”) e um modelo de consenso de proof-of-stake delegado (DPoS) para cumprir com o que o whitepaper descreve como uma “internet realmente descentralizada” (Imagem: Facebook/TRON Foudation)

Tron em 2020

A cingapurense Tron teve um 2019 repleto de crescimento, em que inúmeras aquisições e colaborações fortaleceram sua posição no mercado.

Tron anunciou uma parceria com Swarm, que permite que usuários emitam ofertas de security tokens (STOs) na plataforma. Security tokens são ativos (tokens) considerados como valores mobiliários, que dão, por exemplo, direitos de uma instituição ou empresa a seus detentores.

Além disso, fez avanços no setor de jogos blockchain, firmando parcerias importantes com grandes nomes como MixMarvel e Loom.

Justin Sun, CEO e principal promotor da Tron, em uma live no dia 1º de janeiro de 2020, respondeu perguntas importantes em relação à venda de tokens TRX pertencentes a desenvolvedores.

Ele disse que desenvolvedores não iriam se desfazer desses tokens e afetar negativamente a atividade de preço do criptoativo em 2020.

Tron 4.0, a quarta maior iteração do blockchain Tron, foi lançada no dia 7 de julho.

Recursos importantes dessa interação incluem uma nova funcionalidade de privacidade para contratos autônomos que utiliza a tecnologia zk-SNARK (argumentos de conhecimento sucinto não interativos de conhecimento zero) e um novo modelo de consenso de camada dupla.

O blockchain Tron tentou capitalizar sobre o sucesso de aplicações DeFi na plataforma Ethereum ao lançar seu próprio conjunto de protocolos Copycat (“parecidos”).

JustSwap e SalmonSwap criados na Tron são bem parecidos, quando se fala em design e marca, ao Uniswap e SushiSwap criados na Ethereum. Ambas as plataformas obtiveram impressionante liquidez desde seu lançamento e parecem estar voltadas à comunidade cripto chinesa.

Tron permite que usuários congelem tokens TRX e não paguem taxas de gás para transações em blockchain, sendo uma alternativa mais barata à rede Ethereum, onde crescentes taxas de transação têm sido uma barreira de entrada para diversos usuários do varejo.

O crescente ecossistema DeFi da Tron criou atividade no blockchain e ímpeto de preço para o token TRX.