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O que são CryptoPunks e por que estão bombando no mundo artístico dos tokens NFTs?

05 mar 2021, 11:21 - atualizado em 05 mar 2021, 11:21
Tokens não fungíveis (NFTs) são o setor de investimento mais popular de cripto em 2021, com milhões negociados e artes raras como Cryptopunk 2890, vendidas por altas quantias. Então o que está direcionando o setor de NFTs e pelo que podemos esperar? (Imagem: Larva Labs)

CryptoPunks foram lançados em junho de 2017 e desenvolvidos pela dupla Matt Hall e John Watkinson no estúdio americano de jogos Larva Labs.

São imagens de arte de 24×24 pixels geradas por um algoritmo. São inovadores no setor de NFTs e eram uma das inspirações aos tokens padrão ERC-721 que, diferente dos tokens padrão ERC-20, são únicos.

CryptoPunks vendidos recentemente (Imagem: CryptoPunks)

Existem dez mil personagens colecionáveis e únicos na série CryptoPunks, que possui prova de governança no blockchain Ethereum (ETH).

Dentre os dez mil punks, a maioria é composta por humanos, mas também existem 88 zumbis, 24 primatas e 9 aliens, que foram designados como “punks especiais”.

Só haverá dez mil personagens existentes — todos já foram criados e vendidos. Sua negociação agora acontece em mercados secundários.

CryptoPunks podem ser comprados e vendidos na página “Punks for Sale” no site do Larva Labs. Também podem ser comprados e vendidos no OpenSea, o maior mercado on-line de artes digitais para colecionáveis cripto e NFTs. Podem ser encontrados nas abas “Art” e “Collectibles”.

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O que é um NFT?

Um token não fungível (NFT) é um tipo de token criptográfico que representa algo único.

Em outras palavras, não pode ser trocado, segundo sua especificação individual, da mesma forma que criptoativos, como o bitcoin, são trocados. NFTs podem ser usados para criar uma escassez digital verificável.

Alguns exemplos de NFTs incluem cards digitais de baseball, itens dentro de um jogo, arte digital, animais de estimação digitais (que parecem com Tamagotchis), itens físicos (como meias) e músicas com direitos autorais.

A popularidade dos CryptoPunks disparou no fim de 2020 e continua forte este ano (Imagem: NonFungible)

CryptoPunks ressurgiram após o CryptoPunk de número 2.890 ter sido vendido por 605 ETH (quase US$ 761,9 mil na época) em 23 de janeiro. Outro punk, 4.156, foi vendido por 650 ETH (equivalente a US$ 1,24 milhões de dólares). Lances por CryptoPunks continuam a atingir números impressionantes.

CryptoPunk #2.890.

Neste momento, CryptoPunks são as obras de arte mais populares nos mercados NFTs por volume total e semanal, negociado em dólares. US$ 16,2 milhões em CryptoPunks foram negociados na semana passada — quase três vezes a quantia da Sorare, o segundo mercado de NFTs mais popular.

Os cinco maiores mercados de NFTs (Imagem: NonFungible)

Por que CryptoPunks são tão valiosos?

A popularidade das criações de Hall e Watkinson surpreendeu muitos. CryptoPunks não “fazem” nada. Não há um artista famoso que acrescente valor nem uma franquia popular ligada a eles. DCinvestor, um popular comentarista e investidor desse mercado, tuitou sobre CryptoPunks:

Eles têm um charme de 8 bits e apresentam avatares divertidos (como o meu). Em [um limite de] 10 mil, são suficientes para sustentar uma ampla base de colecionadores, mas também são escassos o suficiente para serem valiosos.

Em 2017, em entrevista ao site Mashable, Hall havia dito que o projeto foi criado para testar as dinâmicas da escassez e demanda. CryptoPunks foram gerados algoritmicamente por um conjunto de modelos. Cada um é diferente, mas alguns são compostos de peças mais raras do que outros.

CryptoPunk #3.586, um punk com características únicas, como verruga e cabelo “espetado”.

Assim como arte, Pokémon e cards negociáveis, existe uma natureza colecionável aos CryptoPunks. Porém, Hall explica que o que eles realmente queriam criar era algo que fosse verdadeiramente escasso e que não estivesse sujeito aos caprichos de outros — nem mesmo dos criadores.

“Existem Pokémons e esses tipos de coisas”, disse ele, “mas é um mundo estranho onde tudo é replicável”.

Quando CryptoPunks foram ao ar no blockchain Ethereum, sua escassez era garantida, pois ninguém poderia emitir mais punks nem alterá-los.

CryptoPunks são uma combinação de arte, tecnologia, absurdidade e experimentação social, análogos aos métodos radicais de tokenização utilizados por artistas como Andy Warhol.

O histórico da arte Blake Gopnik explica essas similaridades em artigo ao The Art Newspaper. Ele afirma que Warhol lançava números ilimitados de pôsteres feitos em serigrafia, mas só assinava alguns. Hoje, apenas as cópias assinadas valem algo nos mercados de arte.

Warhol também colocava anúncios para que as pessoas trouxessem seus objetos de cada a seu estúdio para que ele “certificasse a OBRA DE WARHOL” com sua assinatura. Assim, ele criava valor para coisas consideradas mundanas.

Assim como Warhol, CryptoPunks experimentam a tokenização de imagens aparentemente sem valor algum.

Com Warhol, investidores queriam a assinatura do artista de que a arte era autêntica. De forma parecida, o contrato e o endereço blockchain da Ethereum dão o valor individual do CryptoPunk à pessoa.

NFTs e o mercado de obras de arte da indústria cripto

Kings of Leon e artistas da Marvel — a arte NFT se populariza

Nesta sexta-feira (5), a banda Kings of Leon começa a promoção de seu novo álbum, “When You See Yourself”, na plataforma cripto Yellow Heart (Imagem: YellowHeart)

O setor artístico dos tokens não fungíveis (NFTs) está crescendo.

Em 28 de fevereiro, a artista canadense Grimes, que possui 1,7 milhão de seguidores no Instagram, leiloou dez artes NFTs exclusivas. A coleção gerou US$ 5,8 milhões em apenas 20 minutos. Parte das obras também eram acompanhadas de músicas.

Outras celebridades, artistas do esporte, empreendedores e investidores de capital de risco estão divulgando NFTs como uma tecnologia revolucionária.

A atriz Lindsay Lohan está vendendo NFTs de suas pinturas. Recentemente, Justin Roiland, criador do desenho Rick & Morty, também lançou uma série de NFTs.

Gary Vaynerchuk, o popular empreendedor de marketing digital e redes sociais, tuitou:

A criatividade de artistas no setor #NFT é extraordinária e divertida de se acompanhar. Muitos vão lembrar deste momento pelas lentes do investimento em ativos, mas apoiar coisas que você ama ou colecionáveis é um grande prazer, assim como na vida real.

O sistema de entrega de NFTs também ajudou artistas que viram seus mercados comuns serem abalados pelos fechamentos da COVID-19.

José Delbo, 87, é um artista argentino de histórias em quadrinhos (HQs), mais conhecido por seu trabalho nas séries Transformers, para a Marvel, e Mulher-Maravilha, para a DC.

Delbo começou a explorar o mercado de NFTs como uma forma de vender sua arte, pois as convenções de quadrinhos, onde ele anunciaria suas vendas, foram canceladas.

Delbo criou sua primeira arte NFT em agosto de 2020 e, desde então, colaborou com artistas cripto como Trevor Jones e PRIVAL CYPHER, que o ajudaram a digitizar e tokenizar seu trabalho impresso.

Em entrevista ao Decrypt, ele disse: “tudo parece estar migrando cada vez mais para o digital e a arte se trata de evolução. Então, de certa forma, é uma forma de eu evoluir, mesmo após tanto tempo de carreira”.

“A WH1SPER OF DEATH” é uma das artes digitais criadas pelo argentino José Delbo (Imagem: MakersPlace)

A obra acima, intitulada “A WH1SPER OF DEATH” (algo como “um susp1ro da morte”) é o trabalho mais recente de Delbo, disponível para aquisição no MakersPlace há 105 dias. O lance mais recente pela obra foi de US$ 10,8 mil.

Entenda como grandes ilustradores de HQs
estão se aventurando pelo mercado cripto

Em 3 de março, a revista Rolling Stone anunciou que a banda Kings of Leon irá lançar um álbum na forma de NFTs. A banda irá apresentar três tipos de tokens como parte de uma série chamada “NFT yourself” (algo como “nifitize-se”).

Um dos tokens será um versão especial do álbum; outro fornecerá vantagens, como assentos de primeira fila [em shows], de modo vitalício; e o terceiro será audiovisual — assim como as ofertas de Grimes. Os NFTs foram desenvolvidos pela plataforma YellowHeart.

“Nos últimos 20 anos — duas décadas perdidas —, vimos a desvalorização da música”, disse Joseph Katz, CEO da YellowHeart, à Rolling Stone:

O setor da música se tornou ótimo em vender tudo, menos música. Existe uma corrida ao abismo em que, por pouquíssimo dinheiro, você tem acesso a tudo, Anteriormente, custava US$ 20 para conseguir uma música.

Katz acredita que o modelo de pagamentos de proporção determinada (“pro rata”) do Spotify a artistas e outros serviços de mensalidades atrapalharam os músicos, então ainda existe um mercado para consumidores que realmente querem adquirir música: NFTs.