O que são as ‘balas radioativas’ que os EUA querem enviar à Ucrânia?
O Pentágono, departamento de defesa dos EUA, deve enviar, em breve, um novo pacote de assistência militar à Ucrânia, na ordem de US$ 175 milhões (o que, na conversão direta, aproxima-se a R$ 860 milhões).
Entre os armamentos incluídos no pacote, há uma categoria de munição que está gerando controvérsia: os projéteis de calibre 120 mm, fabricadas com urânio empobrecido.
O urânio empobrecido é um subproduto do processo de enriquecimento do metal, através do qual se busca obter o isótopo radioativo U-235, utilizado para produção de armas nucleares.
Embora o urânio empobrecido não possa ser utilizado para fins nucleares, o seu uso em táticas de guerra convencional vem sendo explorado desde o fim da Segunda Guerra Mundial devido ao alto poder de penetração.
Sabe-se, por exemplo, que a dureza do material o faz ser capaz de furar a blindagem de tanques de guerra.
Mas não apenas isso: o atrito com o alvo faz o projétil de urânio derreter, liberando um pó que, por possuir ainda um teor do isótopo radioativo, acaba sendo altamente reativo em contato com o oxigênio. O resultado dessa combinação são explosões, que podem atingir em cheio a tripulação dos tanques inimigos.
Risco de radiação e contaminação
Embora o urânio empobrecido possua uma quantidade menor do isótopo radiativo, ela não é exatamente insignificante. Em comparação ao material enriquecido, o urânio empobrecido tem uma irradiação 40% menor.
É aí que está a controvérsia envolvendo o armamento, que não possui seu uso controlado por tratados internacionais e não é considerado arma química ou biológica.
Segundo estudos da Agência Internacional de Energia Atômica, citados diretamente pela ONU, uma exposição prolongada a fragmentos de urânio empobrecido podem elevar o risco de câncer e danos no material genético.
Isso vale não apenas para os soldados que estão manuseando o armamento, como também à população que virá a ocupar a área contaminada pelos fragmentos após o conflito.
O risco de contaminação ambiental na Ucrânia pelo uso do metal empobrecido é abordado em um relatório datado do ano passado que é assinado pela programa ambiental da ONU (UNEP).
- É hora de dar tchau para as ações da ex-Via (VIIA3)? Grupo Casas Bahia (VIIA3) precifica oferta de ações a R$ 0,80 por ação, 20% abaixo da cotação atual; Veja o que fazer com os papéis da varejista clicando aqui. Fique ligado em todas as lives: inscreva-se no canal do Money Times!
Antes dos EUA, Reino Unido já haviam enviado munições com urânio
Os EUA não seriam os primeiros a enviarem projéteis feitos de urânio empobrecido à Ucrânia.
O Reino Unido, um dos parceiros mais próximos dos EUA e influente membro da Otan, vem realizando envios de armamento com urânio ao exército ucraniano desde o início do ano.
A Rússia, que também possui em seu arsenal projéteis com urânio empobrecido, havia dito em oportunidades anteriores que reagiria prontamente ao emprego do material nos campos de batalha.