O que pensam os gestores que possuem as ações da Hapvida e da NotreDame?
No pregão da última sexta-feira (8), o mercado foi pego de calças curtas com a notícia de que a Hapvida (HAPV3) e a NotreDame Intermédica (GNDI3) estariam negociando uma possível fusão de suas operações.
Após a notícia, ambas as empresas divulgaram ao mercado comunicados confirmando as negociações, e as ações das duas companhias decolaram na Bolsa naquele dia.
Analistas de mercado já arregaçaram as mangas para avaliar os termos da fusão, e precificar quanto valor pode ser liberado nas ações de ambos os lados.
Se consumada a combinação de negócios proposta, a companhia resultante permanecerá com suas ações negociadas no Novo Mercado da B3, sendo que os atuais acionistas de Hapvida e da NotreDame Intermédica passarão a deter, respectivamente, 53,1% e 46,9% das ações.
A equipe da XP Investimentos bateu um papo com as principais gestoras de recursos, com elevada exposição tanto na Hapvida quanto na NotreDame, para descobrir o que os profissionais com tais papéis em mãos pensam sobre a fusão.
Time NotreDame
A Navi Capital, que possui Notre Dame Intermédica (GNDI3) em seus fundos de investimento, comentou que acompanha com otimismo o segmento das operadoras de saúde verticalizadas, desde antes do IPO das duas empresas em 2018.
A gestora acredita que as empresas ajudam a resolver um problema importante da sociedade – saúde privada a custo acessível. A Navi comentou que as empresas já operam com margens elevadas e uma potencial fusão levaria a empresa combinada a uma base de 7 milhões de beneficiários com capacidade de investir na expansão da própria rede.
A Pacífico Gestão de Recursos, que também possui NotreDame, vê o setor com um crescimento muito promissor e uma tendência secular de envelhecimento populacional.
Para a gestora, o modelo verticalizado de ambas as empresas, é o melhor para o setor de saúde pois permite maior controle de custos e alinhamento de incentivos, o que leva a planos mais baratos.
Em relação a Intermédica, a Pacífico citou o histórico exemplar de gestão da companhia, a melhora consistente na rentabilidade, o ganho de marketshare e as aquisições bem sucedidas. A gestora não tinha a fusão no radar mas vê nessa possibilidade um enorme potencial de geração de valor.
Time Hapvida
Já a Neo Investimentos, que possui Hapvida (HAPV3), também acredita que a estrutura verticalizada confere eficiência no controle de custos e combate a perdas, resultando em desempenho superior ao de seus pares.
A gestora já via a companhia bem capitalizada partindo para expansão tanto orgânica quanto via aquisições. Além disso, a empresa familiar vinha operando um modelo diferenciado, vencedor nas regiões onde atua.
Apesar de não colocar na modelagem, a Neo acreditava que uma possível fusão entre as duas empresas faria muito sentido e seria um excelente risco-retorno, principalmente por conta da fragmentação do mercado de saúde suplementar no Brasil além de ser um mercado ainda pouco atendido, onde somente ¼ da população tem aceso a planos de saúde.
Além disso, a Neo acredita que deveremos ver grandes sinergias tanto na parte operacional, por conta da otimização dos procedimentos médicos, assim como na parte administrativa.
A XP também ouviu a HIX Capital, que possui ambas as empresas em seus fundos.
Para a HIX, Hapvida e Intermédica são companhias muito parecidas: as duas tem um modelo de operadora de saúde verticalizada e isso somado a sua escala e capacidade de gestão as colocam em patamares de margens e ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) muito acima de seus pares, mesmo com ticket médio do plano de saúde muito abaixo.
E o risco de ir tudo por água abaixo?
Todas as gestoras citadas acreditam que a chance do negócio ser barrado por algum órgão regulador é muito baixo. A Pacífico acredita que o risco é baixo pois as empresas atuam juntas em poucas regiões.
A Neo compartilha da opinião e acredita que a única região que poderia levar a um questionamento maior do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) seria Belo Horizonte.
Na opinião da Pacífico, outro ponto positivo para a fusão é que o crescimento das empresas se dá oferecendo planos mais baratos, ou seja, a fusão poderia gerar ainda mais queda nos preços.