O que os bancos dizem que até parece verdade. Mas não é.
Você já ouviu falar de um produto de investimento incrível que cobra “apenas” 3,9% e rende 5,79% ao ano? Esse foi o quinto fundo de renda fixa com maior número de cotistas em 2017, de acordo com o levantamento da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Uma pausa para refletirmos se esse produto era realmente incrível.
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Não, não era, mas certamente foi vendido para o cliente como uma oportunidade imperdível.
Alguns bancos parecem viver o 1º de abril em looping. Por isso, para que você se proteja de possíveis armadilhas, listamos uma série de afirmações que os bancos – e até algumas corretoras – costumam fazer na hora de oferecer um investimento para você.
Vamos lá!
“Poupança é um ótimo investimento para quem tem perfil conservador”
Primeiro: poupança não é um bom investimento para ninguém. Pessoas com perfil conservador – ou seja, que têm aversão ao risco – possuem uma série de produtos de investimento à disposição, com melhor rentabilidade e igual baixo risco. Para você ter uma noção, a poupança hoje rende em torno de 70% do CDI, o que dá 4,55% ao ano. Um fundo de títulos públicos bem diversificado, busca partir de 100% do CDI, ou seja, 6,4% ao ano.
Portanto, você não precisa abrir mão do baixo risco para ter uma rentabilidade muito melhor!
“Tenho aqui um produto incrível: um título de capitalização”
Aquele modelo que você paga um certo valor por mês e concorre a prêmios em dinheiro esporadicamente. Não caia nessa: em poucas palavras, o título de capitalização é quase uma loteria, pois você depende de sorte para ganhar o tal prêmio. Enquanto isso, o dinheiro que você acumula volta para você sem correção depois do vencimento. Ou seja, você não ganha um único centavo – e provavelmente vai sair sem a bolada que é sorteada de tempos em tempos. É o típico produto que o banco vende para cumprir meta.
“Produto de investimento premium apenas para quem tem muito dinheiro”
Você já deve ter sido impactado por alguma comunicação de um produto maravilhoso e, quando foi olhar ali na letra miúda, viu que se tratava de um investimento disponível apenas para aportes iniciais de R$ 100 mil. Além dos bancos, tem muita corretora fazendo isso também.
Então aqui temos uma reflexão importante: bons produtos não estão disponíveis apenas para quem tem muito dinheiro para investir. A democratização no mundo dos investimentos já está aí, mesmo que as grandes instituições tentem te convencer que não. Você não precisa ficar refém de um produto ruim só porque quer começar a investir com R$ 100.
“Investindo aqui no banco você tem uma superdiversificação”
A diversificação é essencial para potencializar ganhos e minimizar perdas. Quando você investe em um banco, você tem à disposição apenas produtos daquele banco, que geralmente são bem ruins e ainda cobram taxas altíssimas – na maioria das vezes, sem você saber. Se o banco lhe oferece um CDB como a solução de todos os seus problemas, pense que ele está sugerindo que você aposte todas as suas fichas em um único produto, o que não é uma estratégia inteligente.
“Esse investimento aqui tem uma taxa ótima, de apenas 1,5%
É complicado. Você está ali para investir bem o seu dinheiro e recebe uma sugestão “ótima” de um produto de renda fixa que cobra 1,5% ao ano. Olhando o número por si só parece pouco, mas na verdade é caro para caramba. Principalmente quando você vê que a rentabilidade dele é 85% do CDI – que dá em torno de 5,44% ao ano. Ou seja, se você descontar o que você paga no que você ganha depois de um ano, você tem uma rentabilidade de 3,94% ao ano, isso sem considerer a inflação.
Isso é menos que a poupança.
Portanto, é ótimo investir nesse produto? Não, não é.
Para não ser pego nessa “mentirinha” de ótima taxas, pergunte sempre o valor que você vai pagar e desconte do rendimento que o banco oferece – lembrando que o CDI hoje vale 6,4% ao ano. Provavelmente você vai ver o quão ruim é o produto e vai cair fora.
“Estamos alinhados com você”
Bancos e outras corretoras costumam trabalhar no sistema de comissão. Basicamente, eles são remunerados para indicar certos produtos. Sim, é por isso que você recebe indicação para investir em poupança, em título de capitalização, em fundos que cobram mais de 1% e rendem pouco.
É difícil de acreditar, mas acontece na maioria das vezes. O brasileiro não tem educação financeira nas escolas e, por isso, vê nos bancos a confiança que precisa para investir bem. O problema é que essas instituições não estão alinhadas com ele, pois obrigam os profissionais a venderem produtos ruins em troca de maior remuneração. Aí você cai naqueles contratos repletos de letras minúsculas, onde moram as taxas que você paga sem saber.
Então, como saber se uma instituição está alinhada com você? Busque por transparência. Cobrar mais ou menos para investir em um produto dá margem para o conflito de interesse. Se o seu banco – ou até sua corretora – vier com uma conversa de que investir bem está ligado a produtos com taxas e aporte inicial altos, saiba que essa nobre instituição não merece a sua confiança.