O que o mercado pode esperar das construtoras nos próximos meses?
A retomada de restrições mais severas para conter o avanço da pandemia de Covid-19 no Brasil pesou nos resultados das construtoras, que tiveram que fechar seus estandes e postergar os lançamentos, impactando diretamente nas vendas do primeiro trimestre do ano.
Além disso, os investidores acabaram adotando uma postura de cautela sob expectativa de potencial aumento das taxas de financiamento imobiliário.
“No início do ano, o setor foi impactado por um cenário macroeconômico mais desafiador. A maior percepção de risco fiscal, devido ao agravamento da pandemia e os impasses no orçamento de 2021, acentuou as expectativas de inflação no país e causou estresse em toda curva de juros, o que trouxe incertezas quanto aos custos de financiamento à construção. Em março, novas medidas de restrição desaceleraram o ritmo de vendas e geraram atrasos nos lançamentos previstos para o primeiro trimestre”, relembrou o analista Gustavo Caetano, do Inter Research.
O aumento dos preços dos materiais de construção também virou motivo de preocupação, pois acaba pressionando as margens. Na avaliação do Inter Research, novas pressões nos insumos podem aparecer ao longo do ano se a alta do dólar e das commodities for mantida.
Para o Safra, está claro que os eventos mais recentes prejudicaram a indústria no curto prazo. O banco tem uma visão de maior impacto para as empresas que atuam no segmento de baixa renda, visto que elas tendem a ser afetadas pelos preços estabelecidos no programa Casa Verde e Amarela, do governo federal, e pela elasticidade da demanda dos consumidores da categoria.
Ainda assim, os analistas seguem confiantes com o cenário de longo prazo, principalmente para as construtoras de baixa renda.
“O segmento requer menos capital de giro, levando a maiores ROEs (retorno sobre o patrimônio líquido), enquanto tende a ser menos cíclico devido aos estímulos governamentais e ao déficit habitacional no Brasil”, afirmou o analista Luiz Peçanha, em relatório divulgado pelo Safra nesta segunda-feira (17).
Nesse ambiente, o banco tem uma visão positiva para Direcional (DIRR3), com expectativa de que a subsidiária Riva 9 alcance o tamanho atual da controladora em 2024-25.
Em relação às taxas, o Safra acredita que os indicadores vão subir no curto e médio prazos, mas continuarão em níveis estruturalmente competitivos se comparados a três anos atrás.
Além da Direcional, a instituição tem recomendação de outperform (desempenho esperado acima da média do mercado) para Trisul (TRIS3), Eztec (EZTC3), Even (EVEN3) e Tenda (TEND3). A classificação neutra foi dada a Helbor (HBOR3) e Tecnisa (TCSA3).
Já o Inter Research tem rating neutro para Cyrela (CYRE3) e de compra para Eztec, Tenda e Direcional.