O que o mercado não gostou nos resultados da Rede D’Or?
Boa parte dos analistas do mercado financeiro concordou que a Rede D’Or (RDOR3) teve um desempenho morno no terceiro trimestre do ano. A companhia não chegou a decepcionar, tanto que os números vieram em linha com as estimativas da XP Investimentos e foram considerados razoáveis pelo BTG Pactual (BPAC11), mas deixou a desejar.
Os investidores, por outro lado, não gostaram nem um pouco do balanço. A ação da empresa fechou o pregão desta quinta-feira (4) em forte queda. Os papéis da rede de saúde registraram perdas de 8,17%, negociados a R$ 57,21.
Mas o que não agradou o mercado?
Tanto a XP quanto o BTG mencionaram como principal ponto negativo o aumento das despesas financeiras.
“Apesar dos resultados operacionais robustos (ROIC [retorno sobre capital investido] ajustado de 19,6%, versus segundo trimestre de 18,8%), o resultado final (depois das despesas de minoritários) desapou, crescendo apenas 4% ano a ano (-23% trimestre a trimestre) para R$ 351 milhões, ficando aproximadamente 20% abaixo de nossas estimativas, devido a maior depreciação (3% acima de nós; +44% ano a ano; +6% trimestre a trimestre) e piores despesas financeiras líquidas (+77% ano a ano; +38% trimestre a trimestre)”, destacaram Samuel Alves, Yan Cesquim e Marcel Zambello, da equipe de análise do BTG.
As despesas gerais e administrativas saltaram 182,1%, enquanto as despesas comerciais cresceram 31,6%.
O Safra também citou a pressão gerada pelas despesas nos resultados. Porém, o banco deu destaque para os impactos do aumento da taxa de juros sobre o lucro líquido e a margem Ebitda ajustada, o que levou a resultados aquém do esperado.
“Excluindo a cobrança única de um pagamento de dívida pré-pago, [o lucro líquido] veio 11% abaixo das estimativas do Safra e -27% comparado a um consenso aparentemente super otimista”, comentou o analista da instituição Ricardo Boiati.
A Rede D’Or reportou lucro líquido de R$ 378,1 milhões no terceiro trimestre, alta de 8,2% em relação ao mesmo intervalo do ano passado.
Decepção não veio para todos
O Bank of America recebeu em tom positivo os resultados da Rede D’Or, destacando o crescimento de 33,6% do Ebitda ajustado, para R$ 1,5 bilhão, e a taxa de ocupação de leitos (abaixo dos 83% do segundo trimestre, mas acima dos 76,8% no terceiro trimestre de 2019 [período pré-pandemia]).
Na avaliação do Bank of America, com o impacto da Covid-19 diminuindo, as operações estão em níveis mais sustentáveis. De acordo com o banco, essa tendência deve seguir no quarto trimestre de 2021.
Confiante de que a companhia conseguirá manter a liderança no seu segmento e vendo um potencial de alta atrativo, o Bank of America reiterou a recomendação de compra para a ação da Rede D’Or, com novo preço-alvo de R$ 85 (contra R$ 98 anteriormente).
O BTG também seguiu com rating de compra, com preço-alvo de R$ 73. Para o banco, a empresa é mais do que capaz de entregar seu plano de crescimento ambicioso.
O Safra, confiante com a boa execução da companhia, manteve a recomendação de outperform (desempenho esperado acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 80. Assim como o Bank of America, a instituição acredita que a ação continua atrativa.