O que o Brics ganha com novos países? Petróleo e commodities, diz especialista
O Brics, grupo de economia em crescimento formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, aprovou a entrada de mais seis países membros. Dessa maneira, a partir de janeiro de 2024, serão membros permanentes 11 países, sendo os cinco fundadores do bloco e os novos ingressantes:
O convite foi anunciado nesta quinta-feira (24) antes do encerramento da 15ª Cúpula do Brics, na África do Sul.
O impacto da expansão do bloco
O grupo surgiu em 2001, com a entrada da África do Sul apenas em 2011, como uma alternativa para que países emergentes pudessem discutir sobre os desafios enfrentados e as possibilidades para um crescimento econômico mais acelerado, mediante a hegemonia do G7 e G20. A entrada de novos países representa um certo destaque do grupo nos últimos anos.
Para entrar nos BRICs, no entanto, o professor de economia do Insper, Otto Nogami, acredita que o bloco tenha avaliado, principalmente, dois fatores.
A primeira diz respeito à ampliação do mercado consumidor dos países que apresentam maior potencial de exportação e que, por alguma razão, não conseguem a fluidez desejada para seu comércio externo.
Afinal, são 422 milhões de consumidores a mais.
A segunda razão diz respeito às características dos recursos naturais desses países, que podem garantir o fornecimento desses fatores de produção aos países membros (derivados de petróleo, fertilizantes, produtos químicos e farmacêuticos, bens de consumo durável e não durável etc.).
Os acordos comerciais entre o Brasil e os detentores destes recursos naturais, agora, poderão ficar mais fáceis, afinal são países que não tem uma fácil inserção no comércio internacional. “A Argentina por falta de reservas, a Rússia pelo bloqueio comercial, o Irã com o seu conflito com os EUA, por exemplo”, disse o professor
A junção destes países, contudo, coloca ainda uma interrogação na cabeça de especialistas para entender o objetivo e, principalmente, o êxito do grupo.
Atualmente, dois dos países-membro, Rússia e China, possuem regimes totalitários. Dentro dos novos integrantes, há duas monarquias absolutistas, na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos, e uma república teocrática no Irã. Deste modo, quase 50% dos membros em regimes contestados pelo Ocidente, podendo ser um ponto de impacto negativo.
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De acordo com Nogami, em termos de potência econômica, o ingresso dos novos países agrega US$ 3,2 trilhões aos US$ 25,9 trilhões atuais em termos de PIB, quase duas vezes maior que Brasil. O PIB dos EUA, em 2022, foi de US$ 25,5 trilhões e da União Europeia US$ 16,6 trilhões.
“Se o bloco, agora com 11 integrantes, conseguir manter a unidade terão condições de criar novos sistemas econômicos e comerciais separados dos sistemas liderados pelos EUA ou mesmo UE”.
Moeda única no Brics
Para os próximos anos, especialistas especulam que o grupo vá buscar maneiras de formar instituições financeiras internacionais como o FMI. A discussão sobre a criação da moeda única e a presença de países árabes poderão dar maior liberdade ao Banco de Desenvolvimento do Brics para a realização de transações e empréstimos.
O presidente da república, Luís Inácio Lula da Silva, ressaltou sua opinião em suas redes sociais sobre a criação de uma moeda única.
Ninguém quer mudar a unidade monetária dos países do Brics. Queremos uma moeda para o comércio, para facilitar a vida das pessoas. Não temos pressa. Vamos garantir que a área econômica de cada país estudem as possibilidades para que, na próxima reunião do bloco, possamos analisar…
— Lula (@LulaOficial) August 24, 2023