Mercados

Estrategista da maior gestora do planeta diz o que o Brasil precisa para atrair investimento estrangeiro: uma boa história

06 jun 2024, 17:21 - atualizado em 06 jun 2024, 17:21
brasil investidores
Brasil precisa de narrativa sólida de crescimento para atrair investidores de fora (Imagem: Divulgação)

O fluxo de capital estrangeiro perdeu fôlego no Brasil e o mercado vem observando isso há um tempo, com os cinco primeiros meses deste ano apresentando queda de fluxo na B3. O mês de maio até trouxe um gostinho de virada, mas não conseguiu quebrar o ciclo de saída de estrangeiros.

Afinal, o que o país precisa fazer para voltar a ser bem visto pelos investidores internacionais? Esse foi um dos temas do MKBR24, evento sobre mercado de capitais promovido pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e pela B3 nesta quinta-feira (6).

Para o estrategista-chefe de investimento da BlackRock, Axel Christensen, e o gerente de portfólio na Franklin Templeton Investments, Daniel Popovich, 2024 tem sido um ano difícil para os investidores em geral, não só no Brasil como em outros países emergentes.

O estrategista da BlackRock, maior gestora de recursos do planeta, pontuou que nos mercados emergentes é possível observar uma dispersão, com alguns países indo muito bem enquanto outros estão perdendo muito. Especificamente no caso do Brasil, vê um mercado sensível a taxas de juros.

Brasil precisa de uma história para atrair o investidor

Em relação aos outros emergentes, ele avalia o Brasil como estável, com o Banco Central tendo sido capaz de prever a alta de inflação e tomar medidas para contê-la. No entanto, ainda enxerga um caminho a trilhar em relação ao crescimento global para atrair investidores de fora.

Os especialistas concordam que a grande questão do país é consolidar uma história atraente para o investidor estrangeiro.

“O país precisa demonstrar aos estrangeiros a força de seu crescimento em setores importantes para o crescimento global, como a segurança alimentar e energética”, afirmou Christensen.

“Para que o capital externo chegue ao Brasil, é necessário que o país una esses pontos para criar uma história atraente”.

Brasil em meio aos países emergentes

Ainda que estejam sendo feitas diversas reformas estruturais, a avaliação é a de que o Brasil continua atrás de outros países emergentes no momento de investidores locais decidirem onde vão alocar recursos.

“Mesmo com desempenho positivo em aspectos como as contas externas equilibradas, a agenda de reformas que vem sendo implementada desde 2016 e a inflação na meta, o Brasil ainda tem desempenho pior do que o de outros emergentes em várias classes de ativos”, observou Cassiana Fernandez, economista do JP Morgan.

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Daniel Popovich complementou que seria interessante o Brasil criar essa narrativa para de fato participar do ciclo de crescimento global. Nesse sentido, vê as reformas trabalhista e tributária adicionando valor para o país.

Ele defende que o estabelecimento de uma narrativa de crescimento poderia mudar a realidade atual em que os gestores de olham o Brasil apenas de uma perspectiva de investimento tático. “O país não entra nas decisões como um mercado estratégico de longo prazo”.

A persistência dos juros altos no Brasil é outro fator que apontado como limitador da atratividade do mercado brasileiro para ativos além da renda fixa.

No cenário de Selic alta, os investimentos táticos dos alocadores globais acabam sendo direcionados para a renda fixa e, em menor medida, para o crédito privado. Esse cenário, por consequência, acaba reduzindo as possibilidades de crescimento no mercado de ações.

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