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O que o bloqueio de Hong Kong pode ensinar sobre o combate ao vírus?

16 mar 2020, 15:32 - atualizado em 16 mar 2020, 15:32
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As medidas incluíram o fechamento de escolas e escritórios do governo, o cancelamento de grandes eventos e a ordem para que funcionários públicos trabalhassem de casa (Imagem: Reuters/Tyrone Siu)

Enquanto o mundo tenta conter a rápida propagação da Covid-19, as medidas para controlar o surto parecem funcionar em Hong Kong, onde a lembrança de um vírus semelhante em 2003 provocou protestos desde o início.

O governo de Hong Kong implementou rapidamente medidas restritivas de “distanciamento social”, que agora são debatidas em todo o mundo, em parte devido à pressão de profissionais de saúde para fechar a fronteira com a China no início do surto.

As medidas incluíram o fechamento de escolas e escritórios do governo, o cancelamento de grandes eventos e a ordem para que funcionários públicos trabalhassem de casa, decisão seguida por muitas empresas logo depois.

A experiência de Hong Kong com a Síndrome Respiratória Aguda Grave, ou SARS na sigla em inglês – que matou quase 300 pessoas e infectou mais de 1.700, a maioria fora da China continental -, impactou a psicologia da cidade, disse Nicholas Thomas, professor associado da Universidade da Cidade de Hong Kong.

Muitos residentes usavam máscaras e evitavam reuniões desde o início do surto, uma prática que continua mais de seis semanas depois.

“Assim que o vírus começou a se espalhar e as pessoas leram ‘China’ e ‘coronavírus‘, veio a lembrança”, disse Thomas. “A parte social é uma das razões pelas quais conseguimos manter os casos de vírus tão baixos, porque, de alguma forma, a população conseguiu fazer o governo tomar medidas.”

Nos últimos dias, a propagação do vírus nos Estados Unidos – destacada pela decisão da Associação Nacional de Basquete de suspender a temporada – despertou a necessidade de evitar grandes reuniões, mesmo com o argumento de algumas autoridades do governo de que não há motivo para pânico.

Casos recentes de pessoas famosas, como o ator Tom Hanks, o ministro de Assuntos Internos da Austrália e a esposa do primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, também destacam a necessidade de tomar medidas precoces.

A maioria das restrições de Hong Kong foi implementada no fim de janeiro, quando a cidade tinha apenas alguns casos. Na segunda-feira, havia 139 casos no total e apenas quatro mortes.

Por outro lado, a Coreia do Sul só começou a tomar medidas mais drásticas em 23 de fevereiro, quando centenas de pessoas já haviam sido infectadas. Agora, mais de 8.100 pessoas estão infectadas, com 75 mortes.

A cidade de Nova York também decidiu agir muito mais tarde em comparação. No domingo à noite, o prefeito Bill de Blasio anunciou que as escolas públicas serão fechadas a partir de 16 de março. No fim de semana, a cidade registrava 329 casos confirmados e cinco mortes.