Copom

O que o Banco Central vai levar em conta na hora de cortar (ou não) a Selic

02 ago 2023, 12:11 - atualizado em 02 ago 2023, 12:58
Banco Central, Senado
Movimento do Banco Central ainda é uma incógnita: cortes de 0,25 pp ou 0,50 pp são as apostas, mas manutenção pode estar no radar. (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Nesta quarta-feira (2), o Comitê de Política Monetária (Copom) pode reduzir a Selic pela primeira vez em três anos.

O ciclo de aperto monetário do Banco Central começou em março de 2021 e seguiu até agosto de 2022; desde então, a Selic está sendo mantida no patamar de 13,75%. Antes do início do aperto, os juros estavam estacionados em 2%, menor patamar histórico, desde agosto de 2020.

O tamanho do reajuste na taxa básica de juros ainda não está claro.  Uma parte dos analistas prefere seguir a linha mais cautelosa, com um corte de 0,25 ponto percentual – a ideia é de que os núcleos da inflação continuam altos. Já outra parte defende que há espaço para um corte mais ousado, de 0,50 pp.

Veja dois pontos que pesam no corte da Selic

Inflação

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é um dos indicadores que o Banco Central mais fica de olho. No mês de junho, a inflação caiu 0,08%, marcando a primeira deflação no ano. Além disso, a prévia do mês passado também veio em terreno negativo.

No entanto, o superintendente de pesquisa macroeconômica do Santander, Maurício Oreng, destaca que embora as perspectivas de inflação tenham melhorado nas últimas semanas, a incerteza ainda é alta devido aos núcleos elevados.

“O declínio no ritmo da inflação dos serviços básicos representa apenas um único ponto de dados, de modo que mais observações nos próximos meses serão necessárias para observar uma tendência real”, afirma.

No caso que um corte na Selic já na reunião de hoje, o movimento inflacionário deve ser a justificativa usada pelo Banco Central para ser mais cauteloso. “Iniciar esse ciclo em um ritmo mais lento daria tempo ao BCB para observar a evolução da atividade e da inflação, reduzindo um pouco a incerteza e permitindo maior flexibilidade para calibrar o ritmo de afrouxamento à frente”, diz Oreng.

Também devem ser considerados os desafios do lado fiscal. A reforma tributária e o arcabouço fiscal foram aprovados na Câmara dos Deputados, mas ainda não avançaram no Congresso. Ou seja, o governo ainda não colocou em prática os seus planos de controle de gastos e arrecadação.

Cenário internacional

Também não deve passar despercebido pela autoridade monetária a situação econômica dos Estados Unidos. O Federal Reserve elevou a taxa de juros americana para o patamar de 5,25% – 5,50% e ainda não encerrou completamente o ciclo de aperto.

“Embora haja sinalização para redução na taxa de juros brasileira, é necessário manter uma distância razoável em relação à taxa de juros americana e internacional para que o Brasil continue sendo atrativo para investimentos e novos aportes”, aponta Wesley Henrique Quinalha Francisco, assessor de investimentos na WIT Invest.

Além disso, ontem, a Fitch rebaixou a nota dos EUA de AAA para AA+. No comunicado da decisão, a agência de classificação de risco afirmou que o rebaixamento da nota americana “reflete a esperada deterioração fiscal nos próximos três anos”.

A Fitch também considera elevado o crescente endividamento geral do governo, e a erosão da governança em comparação a pares com notas AA e AAA, nas últimas duas décadas.

Isso coloca em dúvida a saúde da maior economia do mundo e traz preocupações sobre como o Brasil vai enfrentar eventuais altas no câmbio e inflação global.

Editora-chefe
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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