Economia

O que o Banco Central avalia na hora de subir ou cortar os juros?

09 out 2022, 13:00 - atualizado em 07 out 2022, 15:43
Fundo imobiliário
Nos EUA, o mercado de trabalho é avaliado de perto. Por aqui, é a política fiscal e a inflação. (Imagem: Shutterstock)

Na sexta-feira (7), os Estados Unidos divulgaram a criação de 263 mil vagas de emprego em setembro.

Por mais que esse tenha sido o menor avanço desde abril e abaixo das projeções, as apostas do mercado para um aperto de 0,75 ponto percentual por parte do Federal Reserve se intensificaram.

Isso porque a taxa de desemprego nos EUA caiu de 3,7% para 3,5%, enquanto o salário médio por hora aumentou 0,3%.

E o mercado de trabalho é um fator que o Fed leva em consideração na hora de decidir sobre o corte ou alta nos juros americanos.

“O mercado de trabalho aquecido significa maiores riscos inflacionários e pede juros mais elevados”, afirma Antonio van Moorsel, sócio e chefe do Advisory da Acqua Vero Investimentos. Basicamente, quanto mais gente estiver empregada, maior será o número de pessoas consumido e exigindo mais da economia.

Além disso, se os salários sobem, corre o risco de cair no que o mercado chama de espiral inflacionária. Os trabalhadores têm mais dinheiro para gastar, mas as empresas também precisam aumentar os preços dos produtos para arcar com os salários mais altos.

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E aqui no Brasil?

Por aqui, o Banco Central também olha para o mercado de trabalho na sua tomada de decisão. No entanto, essa preocupação é menor.

O motivo é que, por mais que a taxa de desemprego esteja caindo a um ritmo acelerado, quase 40 milhões de pessoas estão na informalidade e os salários estão baixos. Ou seja, o consumo é menor, mesmo com a empregabilidade alta.

O Banco Central também leva em conta outros fatores para tomar suas decisões monetárias, como a inflação e o Produto Interno Bruto (PIB). “Entre os fatores externos, o BC leva em conta o cenário inflacionário de outras economias, sobretudo as mais relevantes, como os Estados Unidos e a Zona do Euro”, destaca Antonio.

A política monetária adotada por outros bancos centrais também entra nessa conta. Afinal, decisões de uma autoridade de peso, como o Fed, impactam diretamente o Brasil.

Por exemplo: quando os juros americanos estão altos, a tendência é de que os investidores invistam nos Estados Unidos. O dólar, por sua vez, se valoriza perante as moedas emergentes.

Com o dólar alto, as importações de produtos e matérias-primas ficam mais caras e essa diferença no preço é repassada para o consumidor. Ou seja, a inflação subiu e nem foi culpa do Brasil.

Antonio também aponta que a política fiscal não passa despercebida pelo Banco Central. Tanto que o Comitê de Política Monetária (Copom) apontou mais de uma vez em sua ata a preocupação com os gastos do governo.

No documento, o Copom reiterou que “há vários canais pelos quais a política fiscal pode afetar a inflação, incluindo seu efeito sobre a atividade, preços de ativos, grau de incerteza na economia e expectativas de inflação”.

Também são levados em conta o hiato do produto – que é a diferença do PIB real e do PIB potencial – as projeções do próprio mercado e a abertura dos dados de inflação.

“A gente precisa levar em consideração que existem dados dentro do IPCA, como núcleo da inflação, que exclui os itens mais voláteis, e é muito importante para entender a tendência de trajetória dos preços”, afirma o economista.

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