Coluna do Heverton Peixoto

O que o aumento na venda e financiamento de carros usados indica sobre a saúde da economia

31 ago 2024, 11:20 - atualizado em 31 ago 2024, 11:19
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As vendas dos carros seminovos entre os meses de janeiro e junho deste ano bateram recorde. (Imagem: Getty Images/Canva)

O mercado de veículos usados tem vivenciado um crescimento expressivo, impulsionado por fatores macroeconômicos.

Quando a pandemia de Covid-19, gerou uma crise global de suprimentos e afetou severamente a produção de carros novos, o resultado foi uma alta considerável nos preços dos 0km, que atingiram níveis históricos, e o aumento da dificuldade de acesso dos consumidores a esses financiamentos.

Com isso, os usados se tornaram a principal opção, em especial para aqueles que precisavam de um veículo para se locomover, principalmente empreendedores e microempreendedores que fazem do automóvel seu meio de trabalho.

Para esses pequenos empresários, a aquisição de um carro usado por meio de financiamento oferece uma solução prática e econômica, já que possui parcelas menores do que para veículos novos. O mesmo vale para o seguro, que costuma ser mais barato.

Juntos, tais fatos possibilitam um melhor gerenciamento dos custos operacionais, com menos impacto no fluxo de caixa. Com tal economia, o microempreendedor pode alocar esses recursos para outras áreas do negócio, como expansão, contratação ou melhoria de produtos e serviços.

Não à toa, as vendas dos seminovos entre os meses de janeiro e junho deste ano bateram recorde. Dados do setor apontam que 5,4 milhões de veículos de segunda mão foram comercializados, enquanto 1,08 milhão de carros de passeio e comerciais leves novos foram licenciados no mesmo período.

No mês de julho, 626 mil veículos, entre usados e zero, foram comprados por meio de financiamento, um aumento de 27,2%, na comparação com o mesmo período do ano passado. O financiamento de veículos pesados, como caminhões, cresceu 28%, na mesma base de comparação. No segmento de motocicletas, houve aumento de 32%.
As vendas aquecidas foram impulsionadas por uma oferta maior de crédito no Brasil, com financiamentos mais acessíveis no primeiro semestre.

O cenário também pode ser explicado com o reflexo da queda da inadimplência no setor e dos juros mais baixos no país. A Selic, taxa básica da economia, caiu de 13,75% para 10,50% em menos de um ano.

À medida que o setor continua a crescer, ele contribui para um ciclo econômico positivo. Além de beneficiar os microempreendedores individualmente, o crescimento das vendas também tem um impacto significativo na economia do país, contribuindo para a criação de empregos e o fortalecimento de diversas áreas, incluindo oficinas mecânicas e serviços relacionados, como financiamento e seguros.

O aumento na comercialização de veículos usados é um indicativo da saúde econômica do setor automotivo e também de um impulso significativo para a economia nacional, daí a necessidade de o sistema financeiro oferecer opções de financiamento para cada tipo de comprador, em especial para aqueles que costumam se espremidos pelos vieses da economia: pessoas físicas das classes C, D e E, ou jurídicas, sobretudo os de menor porte. É um jogo de ganha-ganha e que impulsiona a economia do país.