O que leva o dólar de volta a R$ 4,98?
Com viés de queda desde o fim da manhã, o dólar à vista acelerou as perdas e furou os R$ 5,00 após a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Sem surpresas, a autoridade monetária elevou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual (pp) pela terceira vez seguida, para a faixa entre 5,00% e 5,25%. É a décima alta seguida e o maior patamar desde 2007.
Com isso, por volta das 16h15 (de Brasília), a moeda norte-americana operava em queda de 0,9% frente ao real, cotada a R$ 4,99 para venda, voltando a ficar abaixo dos R$ 5,00.
Já o contrato futuro com vencimento em junho recuava na mesma magnitude, a R$ 5,02. Lá fora, o Dollar Index (DXY) também acelerou as perdas, para 0,5%, aos 101,4 pontos.
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Dólar recua sem Fed dizer se parou ou não alta de juros
Após a divulgação do comunicado, o presidente do Fed, Jerome Powell, começou a discursar sobre a decisão de hoje. Contudo, a autoridade monetária não confirmou se o Banco Central norte-americano deixará de elevar juros já na próxima reunião. “Uma decisão sobre uma pausa [nos juros] não foi tomada hoje”, disse o chairman.
Para a equipe da Infinity Asset, a decisão do Federal Reserve reforçou a percepção de um mercado de trabalho aquecido e inflação, de certa maneira, ainda elevada e incerta.
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, avalia que o comunicado da autoridade monetária “suprimiu os sinais de mais elevações, interrompendo o ciclo de alta no intervalo entre 5,00% e 5,25%”. Ele acrescenta que mantém o cenário de que a taxa referencial (Fed Funds) encontrará alívio apenas no último trimestre deste ano.
Já o economista-chefe da EQI Asset, Stephan Kautz, destaca que a novidade foi em relação ao mercado de crédito, que deve afetar a inflação e a atividade econômica dos Estados Unidos mais à frente. “O cenário base está mantido de que o Fed encerrou o ciclo de alta de juros”, diz.
A mesma opinião tem o economista-chefe do banco Original, Marco Caruso. “Parece que o Fed está razoavelmente confortável com o estágio em que chegou. Mas existem pontos de interrogação importantes que obrigam a autoridade monetária a manter um viés altista dos juros como cenário alternativo”, avalia.