O que leva o dólar a ficar cada vez mais perto dos R$ 4,80?
O dólar à vista tem queda firme frente ao real e acelerou as perdas na tarde desta quarta-feira (14) digerindo a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que manteve a taxa de juros.
Com isso, a taxa nos Estados Unidos segue no intervalo entre 5% e 5,25%, após a autoridade monetária promover dez altas seguidas dos juros, iniciada em março de 2022. Contudo, a decisão do Fed ficou em linha com a projeção do mercado.
Por volta das 16h30 (de Brasília), o dólar recuava 0,8% no mercado à vista, cotado a R$ 4,82 para venda, renovando as mínimas do dia e de pouco mais de um ano. De modo que a moeda fique cada vez mais perto dos R$ 4,80.
Enquanto o contrato futuro com vencimento em julho tinha queda 0,5%, a R$ 4,85. Por sua vez, lá fora, o Dollar Index (DXY) também reduziu as perdas e operava colado aos 103 pontos, após chegar às mínimas de 102,6 pontos nas primeiras horas de pregão.
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Dólar reage a decisão ‘hawkish’
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, avalia que, apesar da taxa inalterada, a decisão do Fed pode ser considerada “hawkish” (dura), considerando as alterações observadas no gráfico de pontos (dot plots).
“Algo que considerávamos estratégico para afastar cenários de cortes precoces”, diz, acrescentando que a mediana das projeções da Fed Funds Rate saltou do intervalo de 5% a 5,25% para 5,50% a 5,75%.
Sendo assim, segundo ele, isso sinaliza outras duas elevações de 0,25 ponto percentual (p.p.) até o fim do ano. Até dezembro, a autoridade monetária terá mais quatro encontros.
O economista ressalta que o banco central dos Estados Unidos fez uma interrupção na elevação de juros e, momentânea ou não, foi de uma maneira dura, sinalizando altas adicionais por meio das projeções citadas acima. Porém, Sanchez diz, o Fed fez sem se comprometer textualmente.
Por aqui, operadores de mesas de câmbio aumentaram as apostas de que a autoridade monetária voltará a subir os juros, em breve, em meio às previsões do Fed mostrando que a maioria das autoridades acredita que será preciso apertar ainda mais a política monetária.
Os desafios do Fed e a volta da elevação de juros
Por outro lado, o chefe da área de investimentos da Nomad, Caio Fasanella, avalia que o desafio do Federal Reserve é controlar a inflação, enquanto os indicadores econômicos estão mistos.
Ele destaca que o ganho médio por hora do trabalhador privado norte-americano subiu 4,3% em maio de 2023, abaixo do ganho de 5,2% observado no mesmo mês no ano anterior.
Além disso, a taxa de desemprego está em 3,7%, resultado próximo da mínima histórica de 3,4%, e 339 mil empregos foram criados em maio. “Isso mostra que o cenário de emprego nos Estados Unidos continua aquecido. O quadro preocupa o Fed, pois com o aumento da circulação de dinheiro na economia, maior o risco de inflação“, ressalta.
*Com Reuters