O que leva o dólar a disparar ao maior valor em dois meses?
No último pregão de maio, o dólar à vista opera em alta frente ao real nesta quarta-feira (31), chegando a disparar a R$ 5,12, no maior valor desde o fim de março.
Por volta das 16h (de Brasília), a moeda norte-americana avançava 0,8%, negociada a R$ 5,07 para venda. O contrato futuro com vencimento em julho tinha alta de 0,6%, a R$ 5,10, chegando as máximas perto de R$ 5,15. Lá fora, o Dollar Index (DXY) subia 0,1%, aos 104,3 pontos.
Aqui, até o início da tarde, houve a disputa pela formação de preço da taxa Ptax – média das cotações apuradas pelo Banco Central (BC) -, de fim de mês, com vitória dos “comprados”.
“Eles foram ajudados pela cautela externa, com incertezas vindas da China e em meio ao receio da votação do projeto de lei que eleva o teto da dívida nos Estados Unidos”, comenta o diretor de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik.
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Dólar forte no exterior e emergentes fragilizadas
O gerente da mesa de operações da StoneX, Marcio Riauba, destaca os fatores externos que deixam as moedas de países fragilizadas no pregão. “O dólar sobe pelo terceiro dia seguido aqui. Agora, com um panorama mais pessimista para as moedas emergentes”, diz.
No entanto, ele destaca influência dos dados de atividade na China, divulgados hoje. O índice oficial dos gerentes de compras (PMI) da indústria caiu de 49,2 em abril para 48,8 em maio, na leitura mais fraca desde dezembro.
Por que o dólar está nos patamares pré-pandemia de covid-19?
“O resultado fraco do PMI mostra desaceleração da atividade na China e reflete na queda dos preços das commodities. O que está derrubando os mercados emergentes”, ressalta Riauba.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, a Câmara dos Deputados deve votar hoje o “acordo preliminar” feito com o presidente Joe Biden. O acordo é para elevar o teto da dívida e aumentar a capacidade de endividamento do país, em meio ao risco de calote (“default”) potencialmente catastrófico do país.
Mês de alta
Entretanto, apesar da alta mais forte no pregão de hoje, a moeda manteve-se na faixa entre R$ 4,95 e R$ 5,05 ao longo do mês, marcado pela aprovação do texto do novo arcabouço fiscal, manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 13,75% pela sexta seguida.
Enquanto lá fora, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) elevou a taxa de juros, pela décima vez, para o intervalo entre 5% e 5,25%.
E, nos últimos dias, o teto da dívida norte-americana foi o evento mais recente a entrar no foco do mercado. O risco de “default” do país elevou os patamares do DXY nos últimos dias, saindo de 101 pontos no começo do mês para 104,6 pontos, nas máximas em quase três meses.
Sendo assim, o dólar caminha para interromper duas quedas mensais e fechar maio com valorização de 1,7%.